Power Rangers - Mundo Sombrio - Parte 05


BROOKLIN - NOVA YORK - EM UM PRÉDIO VELHO QUALQUER


Os olhos dela se abriram lenta e cansativamente quando ela ouviu o que seria o terceiro ou o quarto grito de seu vizinho do lado, que estava indignado porque ao que parecia, sua esposa não conseguia fazer nada direito. Já eram mais de meio dia e Kim, havia trabalhado a noite toda em uma loja de conveniência em um posto de gasolina não muito longe de casa. Estava deita de bruços com a cabeça virada para o lado, podendo assim observar seu criado mudo, onde em cima repousava uma das garrafas de bebidas mais baratas que ela podia comprar, e que ainda assim, para ela, saia caro pelo pouco salário que recebia. De repente, mais um grito do vizinho, dessa vez, por que sua mulher não tinha colocado dentro do banheiro um sabonete novo. Aparentemente para ele, sua esposa não tinha inteligência suficiente para entender que quando um sabonete acabava, era preciso colocar outro no lugar imediatamente, e não esperar que ele entre no banheiro para informá-la de que era preciso colocar um novo lá. 


Já fazia alguns anos que Kimberli morava ali naquele espaço quadrado que ela aprendeu a chamar de apartamento, e mesmo atrasando os aluguéis por diversas vezes, o dono não a despejava porque sabia que dificilmente conseguiria outro inquilino para aquela espelunca mesmo pelo pouco valor que cobrava, ou seja, mesmo atrasando, para o dono, era melhor pingar que faltar.


Ela então se vira na cama, e se cobre com o que seria o único lençol que tinha disponível...limpo..., tentando dormir as poucas horas que lhe restavam para enfim voltar ao trabalho que ela, assim como muitos trabalhadores pelo país inteiro, aprendeu a odiar. 


É quando ela escuta mais um grito de seu vizinho “macho alpha”, e mais um, e ela se vira novamente na cama dessa vez colocando o travesseiro que um dia foi branco por sobre a cabeça, e infelizmente para ela, o objeto fofo e surrado não era o suficiente para abafar os delírios de seu vizinho injustiçado pela falta de senso de sua esposa. Muito infantil de sua parte pensar que um travesseiro teria êxito em uma missão que as paredes dos apartamentos falharam miseravelmente. Então ela joga o travesseiro para o lado, joga suas pernas para o outro e se apoiando na cama, conforme seu corpo cansado ia fazendo o “download” de sua alma, se levanta. Fica sentada por alguns segundos olhando ao redor, observando suas paredes mofadas, os poucos móveis velhos que conseguiu com muito esforço, e se perguntando o por que daquela vida tão miserável que não a possibilitava nem mesmo conseguir uma boa manhã de sono depois de uma longa noite de trabalho atendendo pessoas que ela não gostava e com as quais ela não se importava. usando uma  camisa de alcinha preta, com uma calça de moletom cinza escuro que se prendia a sua cintura por um cadarço amarrado que passava por dentro da borda da calça, ela se levanta, ainda descalça, pega a garrafa ao lado, enche o copo, um dos poucos que tinha em casa e que já ficava ao lado da garrafa, e o leva a boca dando uma golada de uma só vez no líquido inebriante.  


A moça em seus quase quarenta anos, porém ainda bela quando tinha oportunidade de usar umas poucas maquiagens escondendo seu semblante cansado da vida, começa a caminhar indo em direção a sua porta, ao mesmo tempo em que o vizinho jogava o prato de comida no chão, ou em alguma parede, dizendo à esposa que não comeria aquela lavagem e que a mesma não servia nem mesmo para fazer uma comida decente para ele. 


Kimberly abre sua porta e vai para o corredor caminhando por ele em direção a porta de seus felizes vizinhos casados. Ela chega até seu destino e bate na porta três vezes para chamar a atenção das pessoas dentro da casa, e em resposta…


Vizinho: Vai embora!!


Kim: Por favor, eu sou a vizinha de vocês e queria saber se podem me arrumar uma xícara de açúcar.

Vizinho: Vai embora sua vagabunda - Responde o vizinho ao perceber que quem batia em sua porta era uma mulher - Não vê que estamos ocupados aqui!!

Após o insulto proferido pelo homem do outro lado da porta, Kim escuta claramente o que parecia ser um tapa, e em seguida, a queda de um corpo ao chão e uma criança chorando. Ela insiste novamente batendo na porta por mais três vezes.

Kim: Por favor...Eu realmente preciso de uma xícara de açúcar pra poder terminar meu bolo e eu prometo que vou embora!

Ela ouve o estalar da fechadura, que demonstrava que finalmente o homem havia desistido de ofendê-la a distância e veio abrir a porta. Kimberly se afasta um passo para trás enquanto o homem, aparentando ter pelo menos um metro e setenta, cabelo raspado, uma tatuagem no braço esquerdo, camisa regata branca e uma calça jeans com uma lata de cerveja na mão, abre a porta. 

Vizinho: Vai embora sua vagabun…

A ofensa que ameaçava sair da boca do sujeito é interrompida pelo chute de sola de pé, certeiro que ele recebeu em seu peito e que o arremessou contra a pequena mesa de centro de sua sala, fazendo o objeto se despedaçar em pedaços de madeira pelo chão enquanto seu corpo caia por cima. Kimberly lentamente, após o primeiro golpe certeiro, entra dentro da casa, deixando a porta aberta e caminha até a mulher que estava no chão, encostada na parede de um canto da sala, com o nariz sangrando, olho roxo e a filha de dois anos nos braços. É quando o homem se levanta indo pra cima dela novamente, mas, experiente como só uma vida de luta contra o mal lhe deixaria, ela apenas desvia, lentamente deixando o homem passar e girando o corpo ela desfere uma voadora que acerta a nuca do cara fazendo-o bater violentamente contra a parede e ir ao chão. Em seguida, ela vai pra cima do cara se sentando na altura do peito do homem, pegando-o pela camiseta erguendo-o o suficiente para que ele ficasse na mira de seu punho, então ela começa a socar o homem por diversas vezes para garantir que ele ficasse no chão horas suficiente para que ela pudesse ter um pouco de paz e pelo menos duas horas de sono. E mais um soco é desferido, e mais um, e mais um espalhando sangue pelo chão, e um último que faz o cara bater a cabeça no chão e desmaiar de vez, com o rosto completamente deformado de tanta pancada.

Kimberly respira fundo. Cansada do esforço descomunal que exerceu contra o rosto de seu vizinho com seus socos, se levanta lentamente e caminha até a mulher encostada na parede da sala. Ela se abaixa ficando na altura do olho roxo da mulher assustada com a situação. Kim respira fundo mais uma vez, balançando a cabeça e estalando os ossos do pescoço buscando se acalmar e então…

Kimberly: Eu trabalhei a noite na segunda, na terça, na quarta e em todos os dias dessa semana, e sabe quantas horas eu dormi...?

Mulher: Eu não..

Kimberly: Foi uma pergunta retórica - Diz ela interrompendo a mulher.  - Eu não durmi uma porra de um dia inteiro. Por que eu trabalho de noite e preciso dormir de dia, mas eu tenho que ouvir o seu marido gritando com você o dia inteiro, por que você fez uma escolha - diz ela mostrando o dedo indicador, -  uma unica de uma porra de uma escolha ruim na sua vida. Você tem família?

A mulher fica parada com os olhos lacrimejados e arregalados olhando pra ela.

Kimberly: Não foi uma pergunta retórica, responde!

Mulher: Eu...eu...sim, tenho. Moram a...a duas horas de ônibus daqui. - responde a mulher assustada.

Kimberly: Então você vai fazer o seguinte. Vai pegar a sua filha, as suas coisas, vai embora e não vai olhar para trás. Vai ficar na casa da sua mãe e vai arrumar uma porra de um advogado. Você vai se divorciar desse lixo que você chama de marido e vai cuidar da sua filha e vai manter a sua vagina dentro da calça até sua filha sair da faculdade com uma profissão e uma vida melhor do que esse lixo de vida que você leva. Você me entendeu?

Mulher: S...Sim - Responde ela tremendo. 

Depois da confirmação, Kimberly se levanta, se vira e começa a caminhar saindo do apartamento bagunçado de seus vizinhos deixando a porta atrás dela aberta. Já no corredor, ela enfia a mão no bolso e saca seu celular discando um número de três dígitos e levando o aparelho ao ouvido esquerdo. 

Kimberly: Alo! Eu queria solicitar uma ambulância pro babaca do meu vizinho agressor que batia na mulher. Não...A mulher dele está bem...ele é que vai se afogar no próprio sangue se vocês não mandarem uma ambulância nesse endereço agora... Não vou dar nome nenhum...rastreia a chamada idiota.

Ela entra dentro de seu apartamento fechando a porta ao mesmo tempo em que desliga o aparelho levando-o de volta ao bolso. Ela olha em volta e fecha os olhos em seguida aproveitando o momento de silêncio que agora era muito presente. Ela avança na direção da garrafa pegando-a e virando o líquido inebriante direto na boca, dessa vez sem a ajuda de um copo e em seguida olha pra cama.

Kimberly: Pelo menos vou ter umas horas de sono agora.

Quando ela ameaça se deitar na cama, ouve três batidas consecutivas na porta. Ela olha para porta sem conseguir esconder o olhar de cansaço e decepção, e então caminha até ela. Olhando pelo olho mágico, mal acredita no que vê. Ela da dois passos para trás, respira fundo, e depois olha novamente confirmando o que seus olhos já tinham lhe mostrado, e então abre a porta pela metade colocando apenas a cabeça para fora. 

Zack: Minha nossa, você tá horrível!

Os olhos de Kimberly presenciaram, a frente de sua porta, Zack, que ela já havia visto pelo bairro por várias vezes e logo atrás dele, Jason e Billy e entre os dois uma garota que ela nunca havia visto na vida.

Kimberly sorri debochadamente sem conseguir esconder, além da surpresa, sua cara de cansaço por ainda não ter conseguido dormir.

Kimberly: Deixa eu adivinhar...Vocês estão com um ônibus aí embaixo e tão passando nas casas pra levar a gente pra um churasco em comemoração a 20 anos que ninguem fala com ninguem? - Debocha ela - Acertei?

Zack: Eu não gosto disso tanto quanto você. 

Jason: Deixa a gente entrar. Precisamos conversar.

Kimberly: Eu não vou dormir hoje né!?

Os quatro entram para dentro do apartamento e ficam num silêncio constrangedor até que Alpha, carregando uma bolsa preta e uma espada nas costas, quebra o silêncio.

Alpha: Meu nome é Alpha 378, eu vim de Aquitar, do ano de 3045. O meu planeta, no meu tempo foi atacado e dizimado pelo guerreiro espacial Necromor, que estava atrás das moedas do poder. As moedas do poder que ele estava atrás foram construídas pelo meu pai Áurico, o Alien Ranger Vermelho para serem usadas apenas pelos Rangers veteranos. Preciso que você se junte a seus amigos para usarem as moedas do poder e combater Necromor em meu planeta em meu tempo.

Kimberly fica encarando Alpha de boca aberta tentando processar toda a rápida informação que havia recebido.

Kimberly: A...desculpa...Necro o que…?

Jason passando a frente: Necromor! Kim, não temos tempo, temos que sair daqui agora. 

Kimberly: Não...Espera...Eu não vou a lugar nenhum. Do que vocês estão falando? O que ta acontecendo? 

Billy: Precisamos reunir todos os Rangers veteranos. Precisamos estar juntos, você, eu, o Zack, a Trini, o Jason e o Tommy, pra podermos usar as moedas do poder a viajarmos para Aquitar em 3045, e impedir que o planeta seja destruído.

Mais um minuto de olhos arregalados e boca aberta processando as informações jogadas a ela por Billy, e quando finalmente ela pensa ter entendido toda a situação, uma grande explosão acontece levando a parede do apartamento que ficava do lado da rua do bairro abaixo. Os corpos dos cinco vão parar na parede do outro lado do apartamento. Muita fumaça e poeira….

Kimberly estava atordoada e tentava se encontrar em meio a confusão quando sente as mãos de Jason segurando-a pelo braço e puxando-a para fora do apartamento em meio a fumaça. Quando se da conta ela estava correndo pelo corredor do prédio até ouvir uma parte da parede metros atrás explodir novamente. Eles param de correr e se abaixam enquanto os escombros vão caindo para todos os lados, e quando se levantam olhando para trás percebem saindo de dentro da fumaça e poeirio, o guerreiro constituído de ossos, Carvius.

O monstro demonstrava ódio extremo tamanha a intensidade em que seus olhos brilhavam em vermelho. Alpha logo joga a bolsa com a caixa das moedas do poder nas mãos de Billy e saca sua espada colocando-se na frente dos quatro veteranos em posição de combate. Carvius então começa a caminhar em direção a eles lentamente. 

Carvius: Me entreguem as moedas do poder e eu prometo que a morte de vocês será rápida e indolor. 

Alpha: Vão na frente, eu alcanço vocês - Diz ela preparando-se para avançar ao combate.

Quando a garota biônica se prepara para atacar, tem seu braço puxado por Zack. 

Zack: Você não pode lutar com esse cara aqui. Tem muita gente no prédio. Temos que ir embora. E temos que levar ele com a gente.

Alpha olha para o monstro que vem em sua direção, depois olha ao redor e percebe várias pessoas saindo de suas casas e colocando-se no corredor do andar para ver o que acontecia sem saber que se colocavam em risco de morte.

Billy: Ele quer as moedas. Vai nos seguir pra onde formos. 

Alpha: Nesse caso. - Diz Alpha agarrando o braço de Kimberly enquanto Billy e Jason seguram Zack e assim, acionam o teletransporte dos três relógios que possuem, convertendo seus corpos em energia na cor branca e subindo passando por entre os andares dos prédios ganhando os céus. 

Carvius: Dessa vez, não deixarei nenhum de vocês escapar com vida!!

Carvius também converte seu corpo em energia seguindo o rastro do tele transporte dos jovens a sua frente…

UM PEQUENO VILAREJO EM UMA ÁREA REMOTA DA CHINA

Praticamente no meio de uma pequena florestas nas montanhas da china, existe um pequeno vilarejo. Poucas casas feitas de galhos e folhas de árvores com pequenos grupos de pessoas que formavam famílias vivendo ali. Um pouco afastada desse pequeno vilareja havia uma clareira onde, em meio a vegetação local, iluminada por várias tochas acesas que funcionavam como única fonte de iluminação no momento, uma mulher usando uma espécie de kimono de cor laranja, cabelos negros a altura da cintura soltos ao vento, aproveitando o silencio da noite e a bela lua que se fazia presente praticava lentamente vários movimentos do que qualquer leigo diria ser Yoga. Já passava da meia noite naquele fuso-horário. A mulher de quase quarenta anos, porém, de rosto jovem, seguia seus exercícios quando percebe dois pontos de raios que moviam-se nos céus, um atrás do outro, e vinham em sua direção em meio às árvores.

Trini: Mas isso é..? - Dizia ela parando seus movimentos para prestar atenção ao evento. 

É quando os dois raios caem em meio a floresta e provocam uma grande explosão de ar abrindo um buraco no local, derrubando as árvores e arremessando galhos e troncos para todos os lados. Quando a onda de ar deixou de exercer seu peso sobre o local, os corpos de Jason, Billy, Zack e Kimberly estavam espalhados e distantes um dos outros. Os quatro se contorciam com as dores provocadas pela queda tentando se levantar. Alpha também estava no chão apoiada a seu joelho esquerdo e a sua espada fincada no solo. A alguns metros de Alpha, Carvius se levanta demonstrando ameaça a ela e aos rangers veteranos caídos. É quando salta de cima de uma das árvores, ainda em pé, Trini, pousando entre Alpha e Carvius. 

Carvius: Mais uma Ranger Veterana! Vocês parecem uma praga!

Trini: É! Algumas coisas nunca mudam - Diz ela olhando os antigos amigos em volta, e em seguida desviando um olhar desafiador para Carvius.

Continua....>>

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