O que restou daquela noite havia se passado sem maiores problemas. O dia amanhecia com o barulho de crianças correndo pelo espaço do vilarejo, brincando, passando por debaixo de braços de senhoras que saiam com cestos feitos a mão, cheios de roupas para lavar no riacho mais próximo. Dentro de uma de tantas cabanas construídas de palha e galhos de árvores, Kimberly acorda. Faziam muitas noites que não dormia tanto e tão bem, e que não acordava com o brilho do sol entrando dentro do recinto e tocando sua pele. Estava completamente descansada e com um bem estar fora do comum, como as vezes em que acordava na sua cama na casa de seus pais na adolescência antes de se tornar uma ranger pela primeira vez.
Mas então as lembranças vieram, Jason e os outros aparecendo na sua porta, Carvius explodindo seu pequeno apartamento miserável e uma viagem rápida do interior do Brooklin para a China em questão de segundos. E todos os acontecimentos da noite anterior lhe permearam a cabeça, fazendo-a levar a mão à testa e lamentar que sua vida não teria o sossego que ela almejava, pelo menos não tão cedo. Ela se levanta da cama humilde construída de galhos de árvores e folhas, com a mesma roupa com a qual saiu de casa, uma calça de moletom cinza escuro que se prendia a sua cintura por um cadarço amarrado que passava por dentro da borda da calça, e caminha até a porta da pequena casa, colocando o antebraço sobre os olhos de forma e evitar o contato direto com a luz do sol da manhã para que assim, conforme caminha, seus os olhos se acostumem a iluminação.
Do lado de fora, em uma mesa constituída de uma madeira redonda irregular por sobre uma uma grande pedra que sempre existiu ali, estavam ao redor dela Jason, Zack, Trini, Billy e Alpha, que não dormira durante a noite. Todos sentados a pedras ou troncos que circundam a mesa. Em cima dela, frutas e uma jarra com água fresca servida a eles pelos moradores que os recebiam como visitantes.
Kimberly: E então…? - Indaga ela se aproximando e se sentando em uma das pedras em volta da mesa - Já explicaram pra ela o que tá rolando? - Complementa a indagação pegando uma pequena uva e colocando inteira na boca.
Trini: É bom te ver também Kim - Sorri Trini - Mesmo depois de tantos anos.
Kimberly: Bom te ver também - sorri sarcasticamente em resposta. - Você me parece muito bem.
Jason: Trini, precisamos de você. Isso só vai funcionar se todos nós estivermos juntos - Diz Jason com uma voz decidida.
Billy: Pelo que Alpha disse até agora, tudo que conhecemos depende disso.
Trini: Por que não a Tânia, ou a Aisha? - Pergunta ela seriamente - Até onde sei, quando vocês precisaram de uma Ranger Amarela não vieram atrás de mim. Por que agora, de repente, eu sou tão importante.
Zack: É Billy, por que de repente, somos tão importantes. - Pergunta ele olhando para Billy com um sorriso sarcástico.
Jason: Sério!? Vamos precisar ter essa conversa de novo?
Kimberly: Pelo menos ela tá tendo tempo pra fazer as perguntas - Responde Kimberly levando a boca uma maçã!
Alpha: Meu pai construiu essas moedas do poder - Interrompe Alpha colocando a caixa preto em cima da mesa - Pra que Aquitar pudesse ser salva. Ele acreditava que os Power Rangers, em uma possível falha dos Rangers Aliens, pudessem ser a última chance de Aquitar. Ele morreu por essa crença. Ele desenvolveu as moedas do poder com base no DNA de vocês que ele adquiriu no centro de comando quando esteve na terra. Essas moedas guardam um poder que nenhuma equipe Ranger jamais sonhou em ter, e só vocês podem usá-las, mas precisam estar juntos pra poderem despertar os poderes totais de todas elas, e assim conseguirem morphar, em Power Rangers novamente. Por isso, precisamos de você. De todos vocês!!
Trini então olha para Alpha, depois olha para todos em volta da mesa e então explana sua posição a respeito.
Trini: Eu não posso fazer isso. Não mais, não de novo.
Jason: Mas Trini, por que!? Somos uma equipe. Nós só conseguimos derrotar Carvius porque estávamos juntos.
Trini: Não somos uma equipe, Jason. Na verdade eu acho que nunca fomos. Quando tudo terminou naquela época, eu precisei encontrar meu próprio caminho. Depois de muito remoer a negação de vocês - Diz ela olhando para Billy e Kimberly - eu encontrei o meu caminho. Eu vivo aqui nesse vilarejo há anos, com essas pessoas, buscando minha paz interior. E eu consegui isso. Não quero voltar a ser uma Ranger, por mais que você diga que as moedas só servem se estivermos juntos. Trini então se levanta da mesa, e sai caminhando entrando por entre as árvores que cercavam a pequena aldeia.
Zack: É, acho que não saiu como esperado né?
Jason então se levanta e vai atrás da ex-ranger amarela. Ele entra por entre as árvores e começa a caminhar seguindo os passos de Trini, até que ele a percebe na ponta de um morro, de onde era possível ter uma adorável vista de todo aquele local cheio de montanhas e verde que se espalhavam. Ao perceber a aproximação de Jason, a garota respira fundo, olha para ele e depois se volta para a vista do horizonte que contemplava. Jason então se aproxima ficando do lado dela.
Trini: É lindo não é? Viver na cidade grande com toda aquela barulheira, carros e tecnologia desnecessária, me fez querer encontrar um lugar como esse pra seguir com minha vida. Não consigo me ver abandonando isso tudo, pra lutar novamente ao lado de vocês.
Jason: Trini, todos nós ficamos um pouco sozinhos quando a missão de Ranger acabou.
Trini: Só que a minha missão de Ranger não acabou. Meu lugar como Ranger Amarela foi tirado. E quando precisaram de um Ranger Dourado, você deixou o Zack e eu e retornou feliz ao time.
Trini então se vira para Jason novamente e prossegue com mais uma pergunta. A pergunta que ela, depois de passar anos em seu retiro espiritual nas montanhas da china, finalmente pode entender que deveria ser feita a ele.
Trini: Eu nunca consegui entender! Por que isso de ser um Ranger, de ser um herói é tão importante pra você.
Jason: Por que eu não sei fazer outra coisa. Eu não sei ser...outra coisa. Eu tentei trini, eu juro que tentei.
Jason então olha para o horizonte e contempla um pouco daquela vista antes de continuar a tentar convencer àquela a quem ele tinha como uma irmã.
Jason: Ta vendo tudo isso aqui? - Pergunta ele se virando para ela novamente - Tudo isso aqui pode acabar caso deixemos Aquitar cair. Como Alpha disse, se Carvius está aqui, é porque no ano de 3045 em Aquitar, Necromor tem o controle da tecnologia de viagem no tempo desenvolvida por Áurico. O que significa que ele poderá voar pra qualquer tempo em qualquer lugar do nosso planeta e destruir tudo.
Trini: E abandonar tudo pra lutar novamente é a solução? Quer dizer… Por que eu deveria fazer isso?
Alpha: Porquê isso, é o que os Rangers que eu passei anos admirando e estudando, fariam. - Responde a garota Biônica chegando de mansinho no local.
Trini se virando para Alpha: Eu não sou mais aquela heroína. E sinceramente, nem sei se quero ser.
Alpha: Acontece que se aquela heroína não puder retornar, minha missão será em vão, e meu planeta está condenado. Então, em nome de todo um planeta, em nome das pessoas que morreram violentamente sem chance de se defender ou defender suas famílias, eu lhe peço - segue Alpha se ajoelhando diante de Trini - Lute ao lado dos seus amigos novamente, e me ajude a salvar tantas pessoas quanto pudermos. Por favor!
Ao ver que Alpha, uma Aquitariana, se ajoelhou diante dela, o coração de Trini estremece. Ela não sentia vontade de voltar a ser a Ranger Amarela. Muito pelo contrário. Tinha rancor demais em seu coração para aceitar a missão. Mas ao ver Alpha implorando, ao ouvir o clamor da Biônica Alienígena, ela percebe que o que estava acontecendo ali naquele momento, era muito maior do que qualquer mágoa que ela sentia, era muito maior do que ela, éra muito maior do que qualquer um deles. Mais de vinte anos depois, o destino a impõe novamente a luta e então ela não vê outra saída a não ser aceitar.
Trini: E então, o que temos que fazer? - Perguntou ela virando-se e fitando o horizonte mais uma vez.
Jason: Vamos atrás do Tommy, e depois Alpha nos levará para Aquitar.
Alpha se levantando: Só preciso de um tempo pra turbinar os nossos dispositivos de teletransporte, e então poderemos ir.
EM UM CONDOMÍNIO QUALQUER NA INGLATERRA
O dia começava a amanhecer naquele condomínio de classe alta. As ruas do condomínio começavam a se movimentar com alguns moradores e seus carros de luxo saindo para o trabalho. Em uma das casas do condomínio, uma família estava prestes a começar um novo dia de trabalho e compromissos.
Na cozinha da casa, uma mulher de uns 38 anos de idade, loira de olhos azulados, fazia o café da manhã fritando alguns ovos enquanto as torradas saiam da torradeira elétrica após um bip característico daquele utensílio doméstico. Uma garotinha loira de 12 anos, cabelos loiros longos e uma face sem nenhum sinal de que a pré adolescência havia chegado, chega e se senta à mesa enquanto Katherine Hillard colocava o copo com o leite e as torradas em um prato junto com os ovos mexidos em outro, procedimento rotineiro a mais de quinze anos de casamento. Kath, como era chamada por seus amigos em tempos de Ranger Rosa, nunca enfrentou uma situação tão perigosa na vida, quanto a de ser mãe, uma luta mais duradoura e sem fim, que ele precisava vencer todos os dias, mas que fazia sempre com um sorriso no rosto.
Torry: Mamãe, vou precisar de dinheiro pra ir ao cinema hoje com algumas amigas da escola.
Kath: Torry, querida, você deveria ter tido essa conversa com o seu pai ontem antes de ele ir dormir. - Diz ela sentando-se à mesa ao lado da filha.
Torry: Eu conversei, mas o papai disse que a senhora é a dona do nosso dinheiro, então a senhora teria que decidir se eu poderia ir ou não.
Kath: Disse é ? - Pergunta ela sorrindo - E é verdade. Eu controlo as finanças, mas isso não tira o direito do seu pai de opinar.
É nesse momento que um homem entra no recinto.
Tommy: Acontece que eu sempre acabo dizendo sim pra nossa princesa - Diz ele dando a volta pela mesa e beijando a filha Torry na testa. - E só dessa vez eu achei que você poderia ser a vilã e dizer o “não” que eu não fui capaz de dizer - Continua ele se sentando ao lado da esposa e beijando-a com um selinho na boca.
Tommy tinha um cabelo castanho penteado para trás, com olhos castanhos e uma barba bem feita. Estava de terno e gravata pronto para sair de casa em busca do sustento de sua família.
Kath: Bom, já que você não foi capaz de dizer não pra ela mocinho - Diz ela sorrindo com os lábios próximos dos dele - Eu também não vou dizer. Eu não acho que tenha problemas dela e das colegas pegar um cineminha depois da escola.
Torry: Até porque a mãe da Natally vai estar com a gente. - Diz a garota dando uma mordida na torrada.
Nesse momento Kath dá mais um beijo em Tommy e se levanta da mesa para pegar mais café.
Torry: Arghh!! Vocês deviam parar de fazer essas coisas na minha frente. Isso é nojento.
Kath: Nossa querida!! Foi só um selinho - Debocha ela.
Tommy: Não não, ela está certa - Responde Tommy em tom de deboche - Continue pensando assim até os quarenta anos e vai poder ir a todos os cinemas que quiser!
Kath: E então amor? Mais uma reunião com um agente hoje.
Tommy: ha sim - Respira fundo se recostando na cadeira - Parece que ele tem bebido bem da fonte de me vender como um herói. Depois que revelei ao mundo que eu era o Ranger Verde, as coisas melhoraram muito pra gente. Programas de TV, propagandas, eventos, permutas...Quero aproveitar muito bem essa faze pra conseguirmos continuar vivendo bem. Então, que venham as reuniões e agendamentos de eventos. O Ranger Verde aqui está pronto pra isso - Termina sorrindo para a filha.
Torry: As vezes eu acho que as minhas amigas só ficam comigo por que você é o Ranger Verde.
Nesse momento Tommy se levanta, pega sua maleta no canto da parede da cozinha e beija sua esposa mais uma vez.
Tommy: Eu preciso ir. Se não, vou me atrasar. E quanto às suas amigas - Diz ele se virando para filha - Se são suas amigas só por isso, não merecem sua amizade.
Tommy então sai da cozinha atravessando sua grande sala, alcança a porta e sai da casa dirigindo-se até seu carro. Quando vai abrir a porta, ao enfiar as mãos no bolso percebe que esqueceu as chaves, e então se vira para voltar para pegá-la, quando percebe Katherine já na porta da casa, a metros de distância dele, sorrindo, com as chaves em uma das mãos e a outra mão na cintura, denotando que aquilo de esquecer as chaves aconteceu de novo.
Tommy: O que eu faria sem você? - Diz ele sorrindo.
É quando Tommy começa a caminhar em direção a ela. Sorriso no rosto e braços se abrindo pronto para abraçá-la e agradecer pelas chaves. Kath mantém seu olhar focado no marido que ela ama, o marido que junto a ela, passou por diversos momentos difíceis, mas que ainda assim, sempre esteve ao seu lado.
Faltando poucos passos para alcançá-la, eis que uma explosão acontece, decorrente de algo que caiu do céu, e pedaços de terra e grama do jardim à frente da casa são espalhados para todos os lados do condomínio e caindo por cima do carro a frente da casa. O corpo de Tommy é projetado para trás batendo com suas costas no meio do asfalto em frente a casa. Uma gigantesca fumaça se levanta devido ao impacto da explosão. Kath, com o impacto e com a explosão de ar provocada por seja lá o que tivesse acabado de cair dos céus, foi arremessada para dentro da casa caindo em meio a sala com parte dos pedaços da porta em cima dela.
Com o pouco que a fumaça e poeira vai baixando, era possível ver o ser que acabara de chegar ali.
Carvius: Finalmente o encontrei...Tommy Oliver
Continua..>>
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