Os Seis Bionicos - A origem - Parte 2

 


Hoje trago aqui a segunda parte da minha contribuição ao projeto Anos 80, em que pegamos uma série dos anos 80 e a reescrevemos em uma nova leitura.

Espero que tenham curtido o primeiro episódio e gostem do que vem por ai.

HOSPITAL MAYO CLINIC DE ROCHESTER - MINNESOTA

Já se passaram três dias desde a volta de Jack Bennett do Afeganistão. Sua missão, foi resgatar alguns agentes americanos que trabalhavam infiltrados na célula terrorista da BlackSpider, uma organização terrorista que mantinha uma de suas células atuando na área. Com a missão bem sucedida, Jack recebe a notícia de que sua amada família havia sofrido um grave acidente, pelo menos era as informações iniciais. Ainda sem saber todos os contextos que levaram ao tal “acidente”, Jack voltou o mais rápido que pôde para os Estados Unidos da América. Enquanto seu retorno acontecia, o Doutor Amadeus Sharp, primeiro chefe imediato a frente de todas as missões que envolvessem o Biônico 1, e líder de pesquisa à frente do Projeto Bionic, providenciou o socorro e a transferência imediata de todos da família Bennett para o considerado melhor hospital dos Estados Unidos, o Hospital Mayo Clinic em MInnesota. 

Jack havia passado três dias inteiros no Hospital desde que chegou, aguardando mais notícias de sua família. Na sala de espera do local, sentado em uma das confortáveis poltronas, em volta de uma mesa de centro com algumas revistas com notícias de artistas e outras matérias para as quais ele não dava a mínima, ele se recolhia em seus pensamentos. 

O chamado acidente anteriormente descrito a ele pelo Doutor Sharp, repetia suas cenas em vários telejornais ao longo das programações diárias da TV que estava pendurada em uma extremidade da parede à frente dele na sala. Nas cenas, quando algo que as autoridades já informaram ser um míssil de pequeno porte atingiu a ponte por onde a família de Jack dirigia, juntamente com outros diversos carros, o deles também foi mandado pelos ares. Imagens de um céu vermelho que refletia as chamas, com muita fumaça e pessoas correndo aos montes em desespero, eram veiculadas.

Jack, não conseguia deixar de imaginar que se talvez ele estivesse junto de sua família, com sua experiência militar e suas habilidades, talvez pudesse tê-los salvado. Não conseguia parar de pensar que, se talvez estivesse junto de sua família como sua esposa queria, como ela costumava literalmente implorar, talvez todos estivessem com ele. Junto com esse pensamento, a culpa que o invadia era inevitável. Qualquer um que passasse por ali, podia ver o quanto o homem estava desgastado. Uma camisa de manga comprida quadriculada na cor verde e preta que cobria uma camiseta na cor preta e uma calça jeans surrada, denunciava o desleixo com sua aparência. O homem estava acabado e pelas últimas notícias que recebera sobre a saúde de sua esposa e filhos, a esperança dele se esvaia cada vez mais a cada minuto.

Com  a barba por fazer e mergulhado em tantos pensamentos, Jack é puxado de volta para sua dura realidade pela voz familiar de alguém que ele conhecia muito bem. Doutor Amadeus Sharp estava parado em pé a sua frente. O homem de cabelos brancos, com seus pouco mais de sessenta anos, terno e gravata de grife e um óculos de lentes em formato circulares que complementava sua vestimenta, agora se fazia presente fora das telas e monitores azulados do escritório secreto que Jack mantinha em sua casa.
Jack faz menção de se levantar, mas antes que pudesse fazê-lo, Sharp levanta sua mão sinalizando que o mesmo podia permanecer sentado. Jack então, com os olhos inchados e tristes, volta a olhar para baixo. Amadeus Sharp, então se senta ao lado do amigo de longa data.

Dr Sharp:  Jack, você sabe a quanto tempo somos amigos?  — Pergunta ele, colocando a mão sobre o braço do amigo demonstrando apoio.

Jack: Eu...eu não sei — Responde ele ainda desorientado — uns dez, talvez doze anos.

Dr Sharp: E você sabe que eu nunca disse ou te aconselhei a fazer algo que não fosse bom pra você. Então…

O jovem senhor faz uma pausa dando tempo para Jack computar as poucas palavras de apoio que ele proferia e então continua.

Dr Sharp: Vá pra casa Jack — Continua o doutor — Não tem nada que você possa fazer aqui. Sua família está nas mãos dos melhores médicos do nosso país. Estão todos muito bem assistidos sobre a tutela do nosso governo. No que depender de nós…

Jack: O senhor bebe Doutor Sharp? — Pergunta virando seu rosto para o doutor o interrompendo.

O doutor Sharp demonstra confusão com a pergunta em momento tão contrastante. Jack prossegue.

Jack: Tem um bar perto daqui. Precisamos conversar em particular. 

Tempos depois, Jack Bennett e o Doutor Amadeus Sharp se encontravam no balcão de um bar escuro, com pouco movimento. Nos copos dos dois, uma dose do drink mais caro da casa. Jack pega o copo e o vira de uma vez, bebendo todo o líquido inebriante enquanto Sharp apenas observa. O copo de Jack bate no balcão solicitando ao atendente que o enchesse novamente, o que o responsável pelo bar faz prontamente. 

Jack: Deixa a garrafa — Fala para o anfitrião sinalizando com as mãos para que o mesmo saísse.

Quando o atendente se afasta, Sharp inicia a conversa.

Sharp: Infelizmente, ainda não temos nenhuma pista dos responsáveis pelo atentado na ponte.

Jack: Eu vou pegá-los, cedo ou tarde. — Respondeu ele virando a garrafa e colocando mais uma dose da bebida em seu copo — Por enquanto eu preciso beber, pra pelo menos fingir que em algum momento eu vou ficar bêbado.

Sharp: Acha que é o momento pra isso Jack? 

Jack: Eu recebi a notícia de que a morte cerebral da minha esposa será declarada amanhã de manhã, eles querem desligar os aparelhos. E que meus filhos… — engole em seco, respira fundo e procura forças para não deixar as lágrimas caírem — nenhum deles sairá dessas sem uma sequela. Uns vão ficar paraplégicos, outros nem sequer vão levantar da cama. Toda a minha família, Amadeus, está condenada à morte de um jeito ou de outro.

Sharp: Eu...eu sinto muito Jack. 
Jack então vira seu olhar para o amigo ao seu lado. — Eu sei que sente, Amadeus. E sei que quando diz isso, está sendo sincero. 

Sharp: Então me escuta. Vai pra casa. Tome um banho, durma um pouco porque as próximas horas não serão fáceis. Você vai precisar estar bem pra apoiar todos os seus filhos.

Jack: O que você não percebeu é que estamos aqui justamente pra apoiar meus filhos. 

Sharp: Como assim? — Indaga o professor surpreso. — Não estou entendendo. 

Jack: Eu quero que faça a cirurgia em todos eles. Faça os implantes biônicos e salve a vida deles.

Os olhos do Doutor Amadeus Sharp se arregalaram. Ele fica alguns segundos olhando para seu amigo, tentando processar as palavras que acabara de ouvir. 

Sharp: Ja..jack...Você tem idéia do que está me pedindo? Sabe tudo que isso implica?

Jack: Eu estou desesperado doutor — Bebe mais um gole da bebida — Eu sei muito bem o que estou pedindo. 

Sharp: Jack, a pesquisa com os implantes biônicos chegou em um beco sem saída. O único que conseguiu sobreviver à cirurgia com os dados que temos hoje foi você! Mesmo que eu diga que sim — Diminui o tom de voz antes de prosseguir — mesmo que eu diga que sim, as chances de todos os seus filhos morrerem no meio da cirurgia é muito alta. Se não fizermos nada, mesmo com sequelas, eles vão viver. Se fizermos isso e a cirurgia falhar eles morrem.

Jack: O que eles terão não é vida. Eles serão completamente dependentes, e não terão a mãe deles para dar apoio, e eu como agente do governo nem sempre estarei com eles pra ajudar. Eu já não estava antes e por isso...— Os olhos do homem se enchem de lágrimas.

Sharp: Você não pode se culpar pelo que aconteceu Jack. Eles foram vítimas de um ataque terrorista.

Jack coloca o copo sobre o balcão, respira fundo e prossegue.

Jack: Amadeus, faça a cirurgia, salve meus filhos. 

Dr Sharp: Como líder do projeto Bionic, você está me colocando em uma posição muito complicada. 

Jack: E eu como um pai, vou fazer de tudo pra salvar a vida dos meus filhos, já que salvar a minha esposa não está mais em minhas mãos. Eu nunca vou me perdoar se meus filhos forem condenados a uma vida miserável em cima de uma cama, sabendo que você tem o poder pra ajudá-los. 

Dr Sharp: Jack, quando fizemos a cirurgia em você, você assinou vários termos de responsabilidade. Você quis isso. Seus filhos não terão escolha. Você acha isso certo?

Jack: Nesse momento, eu só quero salvar os meus filhos. — mantém sua posição — Olha, Amadeus. Se você não fizer isso acontecer. Se meus filhos não forem salvos, o governo dos Estados Unidos vai deixar de contar com o Bionico 1 e vai passar a se preocupar com o Bionico 1, por que eu não lutarei mais por esse país. 

Dr Sharp: De novo... — Finalmente o doutor bebe um gole de sua bebida. — ...Você me coloca em uma situação difícil.

Jack: Como eu disse Amadeus, eu sou um Pai. Eu não tenho escolha. Essas são minhas cartas.

Dr Sharp: Muito bem Jack — Responde ele em concordância — Eu...eu vou mexer meus pauzinhos. Vou ver o que posso fazer. Se tudo der certo, amanhã de manhã seus filhos estarão na mesa de cirurgia. Vamos lhes dar os implantes biônicos, e torcer para que o destino deles seja melhor do que o que eles tem agora.

UM ANOS DEPOIS - CEMITÉRIO DA CIDADE 

O vento soprava forte acompanhando a baixa temperatura de um dos dias mais frios do inverno daquele ano, uns cinco graus pelo menos se fazia nesse dia em que Jack Bennett resolveu visitar o túmulo de sua esposa. 

Ali, usando um sobretudo preto e em pé na frente do túmulo dela, ele se lembrava dos momentos de felicidade que passara ao seu lado, das coisas que faziam juntos e de várias coisas que deixaram de fazer por conta de sua ausência. Aquele ano que passava estava sendo muito difícil na vida dele, que além de não poder parar cinco minutos que fosse para sofrer a perda de sua esposa, teve que arcar com toda a responsabilidade de continuar a criar seus filhos, sozinho. Ele teve que ensinar as “crianças” a usarem seus poderes com responsabilidade e esconder do mundo suas habilidades. Não foi fácil, quase nunca era. E aqui agora, em um momento só dele, em que ele finalmente pôde parar para olhar para o túmulo de sua esposa e se dar ao luxo de, viver, nem que seja por alguns minutos o luto, ele desabafa.

Jack: Não tem sido fácil Helen! Está sendo um ano muito difícil sem você. Sabe.. — Prossegue ele em seu desabafo. — Cuidar das crianças tem sido uma barra. Depois que eles voltaram pra casa e descobriram sobre suas habilidades...O Erick não aceitou muito bem. Tem sido difícil me comunicar com ele. Acho que ele sente mais sua falta do que eu — Dá um sorriso meio tímido e continua — A Maggie tem ajudado bastante, mas ela ainda é uma adolescente, e eu sei que tem muita coisa que ela gostaria de fazer e por conta de tudo que aconteceu ela não pode. O JD, ele...ele não tem falado muito. Só fica pelos cantos lendo livros, desenvolvendo coisas. Eu mal consigo me comunicar com ele. O Bunji— Prossegue ele como se passasse um relatório do dia a dia para a esposa—, há, o Bungi é sensacional. Ele é jovem, e ficou todo empolgado com as coisas que pode fazer, saltar, quase voar, derrubar uma árvore com um chute. Ele realmente está empolgado. Todos nós estamos trabalhando juntos em missões que nos são passadas pelo governo através do Doutor Sharp, e infelizmente, esses são os únicos momentos em que nos reunimos. Aquela mesa de jantar na sala, nunca mais foi a mesma depois que você se foi. Eu sinto muito Helen, por estar falhando miseravelmente com nossos filhos, onde você lutou por anos pra ter sucesso.

O vento pára de soprar como se o mundo e o tempo respeitassem o “um minuto de silêncio” que o coração de Jack pedia, enquanto ele mantinha sua cabeça baixa. Porém, em meio ao cemitério, na frente do túmulo de sua mulher, seu celular toca. Ele prefere deixá-lo tocar até que pare, porém o barulho e a vibração do aparelho continua insistente, e sabendo que claramente deveria ser o doutor Sharp, ele leva a mão ao bolso dentro do sobretudo preto retirando o aparelho e atendendo ao telefone.

Doutor Sharp: Jack, encontramos. Já enviei os quatro para as coordenadas que estou lhe passando. Vá para lá imediatamente.

Infelizmente, para Jack, o Bionico 1, não houve tempo para mais lamentações. O dever o chamava. Ele coloca o celular novamente dentro do sobretudo, em seguida, beija a sua mão e coloca em cima do túmulo como se transferisse o beijo que dera em sua mão para sua esposa, e então, vira as costas saindo correndo, deixando o cemitério.

DESERTO DE CHIHUAHUAN - ALGUM PONTO ENTRE OS ESTADOS UNIDOS E O MÉXICO

O deserto de Chihuahuan é composto por uma área de 225 quilômetros quadrados e sua maior parte fica localizada no México. Em algum ponto da parte que fica do lado dos EUA, alguns metros abaixo do solo quente, uma instalação de nível militar se escondia. Dentro da instalação em uma área semelhante a um grande galpão estava um container na cor preta que era guardado por vários soldados trajados com máscaras de pano com óculos de lentes pretas por cima, jaquetas e calças pretas e coturnos, com grossos coletes e armados cada um com uma FN F2000 calibre 5,56mm. Vários desses soldados circulavam pra lá e pra cá guardando os corredores do complexo enquanto que outros ficavam parados frente ao container com a missão de matar qualquer coisa que se aproximasse.

Do lado de fora do complexo subterrâneo, em pleno ar, um avião jato na cor branca se aproximava do local, com o modo furtivo acionado tornando impossível sua detecção pelo complexo inimigo abaixo. 

Dentro do jato, a cabine era composta, além do painel de controle à frente do pára-brisa, de duas filas de três cadeiras cada. Nas cadeiras da frente, lado a lado, pilotando estavam J.D e Bunji e logo atrás deles, Eric e Maggie. Ambos vestiam roupas pretas, uma blusa preta cada um e calças pretas que se adequavam aos corpos delineando seus músculos. Por cima da roupa acima da cintura, uma couraça que se assemelhava a um colete e logo abaixo desse, um cinturão preto com alguns pequenos compartimentos atrelados a ele. No pulso direito de cada um, traziam um apetrecho, um bracelete, um dispositivo que era capaz de emular de forma física as capacidades especiais de cada um, conforme os implantes biônicos iam lendo suas ondas cerebrais.

Bunji sempre trazia em sua testa uma faixa vermelha, no estilo lutador de Karatê, uma das artes marciais que ele mais gostava. Ele, nesse momento, era o navegador do jato e toma a palavra quebrando o silêncio dentro da nave.

Bunji: Parece que chegamos ao destino. 

J.D: Vou colocar a nave no piloto automático e então podemos descer sem problemas. 

Maggie: Como vamos acessar o interior da instalação?

Eric: Eu sugiro explodirmos tudo e entrar descendo a porrada em todo mundo.

Assim que Eric termina de falar, logo acima do parabrisa na parte interna da nave, a frente dos quatro biônicos, em uma tela suspensa surge a imagem do Doutor Sharp.

Sharp: Se fizer isso revelará nossa chegada ao inimigo. A missão é exterminar a resistência, encontrar e prender o líder deles pelo atentado a um ano naquela ponte.

Eric: Relaxa Doutor, foi só uma ideia. — Retruca se recostando na cadeira e cruzando os braços. — Ninguém mais quer pegar esse cara mais do que eu.

A foto do Líder em questão ganha espaço na tela ao lado da imagem do Doutor Sharp. Um homem branco, com cabelos pretos e olhos castanhos e uma barba curta bem feita. Trazia uma cicatriz no olho esquerdo, enquanto que no direito, o olho aparentava ser uma espécie de implante. Após alguns segundos sendo exibida, a imagem do homem desaparece.

Sharp: Eu sugiro que façam isso rápido e da maneira mais silenciosa possível — Diz o professor que logo em seguida desaparece da tela.

J.D: Vamos usar o raio sonoro da Maggie pra abrir a entrada, — Ordena ele fazendo o jato pairar no ar acima do ponto de entrada do complexo.— Bunji pode eliminar as primeiras ameaças e logo que o caminho estiver livre podemos descer, pegar o pacote e sair. Simples assim. Nós treinamos invasões várias e várias vezes. Se seguirmos algumas regras não será difícil.

Os quatro então se levantam de seus bancos e uma comporta se abre no chão da nave, por onde os quatro saltam de uma altura de mais de vinte metros pousando no solo de terra seca e quente do local. Maggie é a primeira a agir. O braço da garota brilha e ondas sonoras se formam em sua mão abaixo do aparelho implantado no pulso. Ela arremessa as ondas sonoras contra o solo bem em cima da entrada do complexo. O Impacto da onda gera uma explosão de terra que por sua vez gera uma cortina de poeira, e ao atingir a comporta de metal abaixo da camada de terra, explode a estrutura metálica abrindo um buraco que revelava um poço de alguns metros de profundidade. 

Após a poeira baixar os quatro se aproximam do poço e pulam para dentro, pousando já em um corredor escuro de onde vinham alguns dos guardas que ouviram a explosão. Erick é o primeiro a avançar, o braço dele brilha gerando em sua mão uma espécie de taco de baseball translúcido que é emulado pelo bracelete no pulso. Três dos soldados sacam suas armas e dispararam contra ele, mas J.D pula por cima do irmão adotivo, seu braço brilha e ele manifesta uma superfície também translúcida emulada pelo bracelete que ele coloca na frente dele e de Erick usando como escudo. As balas que acertam a superfície do escudo ricocheteiam no espaço apartado do corredor e voltam atingindo alguns dos soldados que vão ao chão de imediato gritando com a dor provocada pelas balas que transpassaram seus corpos. 

Erick: Da licença — Diz ele enquanto afasta com seu braço o irmão para o lado e avança contra os soldados ainda de pé.

O primeiro recebe um golpe do taco de Erick que o arremessa contra a parede lateral e o joga ao chão com violência. O segundo saca uma faca e tenta acertar Erick que dá um passo para trás, em seguida ergue sua perna e desfere um chute de sola de pé no peitoral do soldado jogando-o contra a parede do final do corredor. Outro soldado desfere uma voadora frontal contra Erick que se abaixa e desse o taco no joelho do oponente quebrando sua articulação e fazendo-o parar no chão gritando de dor, até receber um chute no rosto que o faz desmaiar. 

Um dos soldados atingidos pelos tiros se levanta e quando estava prestes a avançar contra Erick, recebe um chute no rosto desferido por Bunji que aparece ao lado do irmão.

Erick: Eu tinha tudo sobre controle. — Reclama enquanto se vira para o irmão adotivo.

Bunji: Eu sei — Responde o caçula sorrindo — Só que eu queria bater nele também.

J.D: Com essa festa que fizemos aqui, devem ter mais soldados pra você socar — Diz ele se aproximando dos dois juntamente com Meggie.

Maggie: Vamos andando. Pegar o cara e sair daqui.

Durante os próximos dez minutos, os quatro correram pelo complexo subterrâneo entrando por várias salas, abatendo vários dos soldados usando suas capacidades proporcionadas a eles por seus implantes biônicos e abrindo caminho. Até que chegam no galpão na parte final do complexo, onde avistam uma espécie de container que era guardado por mais alguns soldados. Estes por sua vez, prontamente dispararam suas armas contra os biônicos que se separaram jogando-se para lados opostos no intuito de se desviarem dos tiros. Erick dá um rolamento pelo chão, enquanto seu braço brilha  e em sua mão se manifesta uma bolha de energia. Ele se levanta e joga a bolha para cima e quando a mesma vinha caindo, ele usa seu taco para rebatê-la, mandando-a para cima de um dos soldados que atingido, com o impacto, é jogado contra o container batendo violentamente. Do outro lado Bunji já se levantava manifestando também, graças aos implantes e o bracelete, shurikens translúcidas através de suas mãos e arremessando-as contra os outros dois soldados que atingidos no peitoral são jogados para trás batendo contra o container e em seguida indo ao chão. 

Quando todos os soldados estão no chão, e o silêncio se faz, todos se reúnem na frente do container e ficam parados por alguns segundos olhando pra ele.

Maggie: Será que o cara tá aí dentro?

Bunji: Deve tá.

J.D: Acho que devemos considerar que sim.

Erick: Muitos soldados guardando o container. Se ele não estiver, eu não sei onde ele está. Vamos acabar com isso de uma vez — Ordena enquanto caminha na direção do container. 

Os outros três seguem logo atrás e quando estão prestes a chegar na comporta que dá acesso ao interior da estrutura, eles ouvem um barulho de batidas do lado de dentro e cessam sua caminhada.

J.D: Isso não é bom.

Mais algumas batidas e a porta do container explode voando inteira pra cima dos heróis que com movimentos rápidos se jogam ao chão desviando da estrutura de metal que vai parar no fundo do galpão. Uma cortina de fumaça surge de dentro do container. Os quatro se levantam e ficam em posição ofensiva esperando o que sairia dali. De dentro do container em meio a fumaça uma silhueta aparentemente feminina aparece. Ela ou aquilo sai de dentro do container parando na frente dos quatro. Usava uma roupa preta por baixo de uma armadura composta por um peitoral preto, cinturão com um símbolo ao centro da fivela, o símbolo da blackSpider, e botas. A armadura na parte de cima também trazia ombreiras. O rosto era coberto por um capacete onde a parte frontal era constituída de um vidro preto, enquanto a parte de trás do capacete era constituída do mesmo metal das ombreiras, peitoral e botas. 

Erick: Mas que porra é essa? — Se indaga. 

Antes que as indagações continuassem, a mulher de armadura, sem o menor prévio aviso, avança em velocidade pra cima dos quatro Biônicos, saltando pra frente, arqueando o joelho e desferindo uma joelhada que acertou J.D em cheio e o fez ser arremessado metros para trás caindo e rolando pelo chão. Bunji imediatamente desfere uma voadora frontal contra a inimiga que inclina o tronco para trás ao mesmo tempo em que gira o corpo enquanto passa por debaixo da perna do garoto agarrando-a enquanto ainda desfere um chute em cheio no peito de Erick que o faz voar para trás e bater contra alguns barris ali parados e ir ao chão. Em seguida, segurando Bunji pela perna, ela joga o garoto para cima e antes que o jovem atinja o chão, recebe outro chute que o arremessa contra o container. Ele bate contra a estrutura de metal e vai ao chão violentamente. A mulher então desfere uma voadora contra Maggie que dá uma mortal para trás escapando da primeira investida. Maggie em seguida, manifesta as ondas sonoras em seus braços e as joga contra a oponente. A mulher apenas movimenta sua mão esquerda para o lado fazendo com que o raio acompanhe o movimento e seja lançado contra a parede ao lado causando uma grande explosão. 

Maggie: Como...como ela fez isso? — Indaga com um olhar surpreso.

Erick se desvencilha dos barris se levantando rapidamente.

Erick: Ataquem todos ao mesmo tempo — Grita ele enquanto gera de seu braço mais uma bola translúcida, joga pra cima e a rebate na direção da inimiga de armadura. 

Ao mesmo tempo, Bunji dá um rolamento pelo chão se levantando e jogando contra ela suas shurikens e Maggie obedecendo ao comando do irmão, arremessando contra ela mais de suas ondas sonoras. 

De lados opostos os golpes voam em direção a mulher misteriosa que inclina o tronco para trás enquanto os raios, bolhas e shurikens passam por cima, ela então abre as mãos a frente do corpo e faz movimentos circulares adquirindo o controle sobre o percurso dos golpes disparados e então ela os inverte, se levanta e os lança de volta fazendo a onda sonora ir em direção ao Bunji, as Shurikens irem em direção a Erick e a bola de energia ir em direção a Maggie. Num rápido movimento todos conseguem escapar dos ataques. Maguie se joga para o lado enquanto Bunji gira o corpo em parafuso no ar para que as ondas passem por ele e Erick rebate todas as Shurikens. 

Aproveitando o momento, a mulher aponta sua mão para trás mirando o container. Conforme ela mexe a mão, o container se mexe também. Ela então joga o braço pra frente e o container acompanhando o movimento se desprende do chão e voa na direção de J.D. Em alguns milésimos de segundo, J.D calcula todas as possibilidades matemáticas de como seu corpo poderia desviar do contêiner vindo em sua direção e quando seu cérebro encontra a melhor opção, seu corpo o segue. Ele salta dando vários mortais para trás enquanto o container vem em sua direção. Ao chegar no final do galpão ele usa a parede para se impulsionar e se jogar pra cima do container dando uma cambalhota no ar, pousando na estrutura e em seguida se impulsionando dando mais uma cambalhota no ar pousando no chão enquanto o container explode e despedaça a parede metros atrás dele. 
Antes que os quatro pudessem esboçar sua próxima reação, a mulher movimenta sua mão mais uma vez, e os braços dos quatro se grudam aos seus corpos, como se estivessem sendo amarrados por uma corda invisível.

Maggie: Que tá havendo? — Grita desesperada.

J.D: Arrghh!! É possível que ela esteja usando ataques psíquicos contra nós.

Ela abre os braços fazendo os quatro se afastarem jogando-os cada um para um lado do galpão fazendo-os bater violentamente contra a parede. Em seguida ela fecha as mãos e os corpos dos quatro viajam por toda a extensão do galpão até se chocarem uns com os outros parando na frente dela.

Mulher: Acabou!

Seja lá o que ela fosse fazer para acabar com a luta, ela não consegue, pois um outro corpo em movimento, e em velocidade impressionante, se choca com o corpo da mulher lançando-a contra o outro lado do galpão fazendo-a se bater contra a parede de forma violenta abrindo um buraco na estrutura metálica, e em seguida na terra em volta do complexo subterrâneo, gerando uma gigantesca cortina de fumaça e poeira. Os quatro biônicos caem no chão aproveitando a chance para respirar por alguns segundos e quando se levantam, percebem seu pai Jack que tinha chegado a tempo de salvar o dia. 

Os quatro então se colocam, dois ao lado esquerdo e dois ao lado direito do pai e os cinco ficam ali fitando aquela cortina de fumaça toda esperando para ver se a luta realmente tinha acabado. 

Para surpresa de todos, do buraco do local, de dentro da cortina de fumaça aparece a mulher, intacta, mas com seu visor frontal completamente destroçado, tornando impossível que a mesma pudesse ver alguma coisa. Sendo assim, ela retira o capacete, e o coração dos cinco se despedaça quando vêem o que aparece à sua frente.

O capacete cai no chão, e longos cabelos ruivos descem até a altura das costas da mulher. Aqueles cabelos e aqueles olhos castanhos eram familiares.

Maggie: Ma...mamãe!

Jack: Eu...eu não estou entendendo...— Balbucia ele.

Helen ou seja lá quem ela fosse agora, fica apenas olhando para os cinco sem esboçar a menor reação. Até que seu braço se levanta e ela bate com a mão fechada ao peito do lado esquerdo.

Helen: Vida longa a BlackSpider.

Ela olha pra cima, ergue um dos braços e movimenta sua mão cerrando o punho. Apenas esse movimento faz com que todos os andares do complexo se abram como se fossem papéis rasgando, despencando toneladas de estrutura metálicas dentro do galpão até que a luz do sol entra no local. A mulher salta se impulsionando por entre os pedaços de estruturas metálicas e abandona o complexo enquanto os cinco biônicos correm para o outro lado evitando assim serem atingidos pelos destroços que caem. Quando o perigo passa e eles olham para trás, Helen já havia desaparecido deixando todos ali com mais dúvidas e questionamentos do que tinham quando adentraram o complexo.

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