Sucessores 01 - O dia mais Negro de Todos


Fala galerinha do Mindstorm, sejam todos bem vindos ao projeto Tokusatsu Z, e nessa semana do dia 09/11 ao dia 16/11 sou eu Rodrigo Pereira quem apresenta o próximo título. O dia mais negro de todos é um conto que marca não só a minha participação no projeto, como também inicia uma série de cinco episódios, onde cinco personagens do universo Tokusatsu serão sucedidos por novos heróis, e claro, no quinto e ultimo episódio dessa série, eles vão se unir em nome do bem da humanidade.

Então vamos ao primeiro conto de Sucessores, e a minha participação ao Projeto Tokusatsu Z

Notas do Autor: Dedico esse conto aos meus amigos de caneta, Lanthis, que sempre me apoia e comenta meus títulos me dando forças para continuar a produzir, e ao Norberto Silva, o cara que idealizou esse projeto e que me fez pensar em um texto além dos que estou acostumado a fazer!!



Sejam bem vindos ao...


Cidade de Tokyo, domingo, 20 de dezembro de 1998. A cidade estava bem calma. O japão em si estava em paz após inúmeras batalhas de heróis que, dedicando suas próprias vidas, detiveram a invasão de seres de outros universos, de homens que utilizavam da ciência maligna, de seres que surgiam dos subterrâneos e outras dimensões. Nesse dia em específico, todo o Japão assim como o mundo, se preparava para uma das datas mais festivas do planeta, o natal. Faltando cinco dias para tal comemoração, Kampei Kuroda e seu filho adotivo Makoto Takenaka estavam prestes a se misturar com muitas e muitas pessoas daquele Shopping recém inaugurado para comprar seus presentes e distribuí-los entre seus entes queridos e familiares nas festas que se anunciavam. 

O carro popular de cor preta estaciona entre outros carros em uma vaga do estacionamento aberto do Shopping. Kuroda desliga o motor e enquanto ele e Makoto vão retirando seus cintos de segurança e recolhendo pertences pessoais, uma conversa seguia.

Kuroda: ...E mesmo depois de tanto tempo, você ainda não consegue me chamar de pai.

Em meados de 1982, Kampei Kuroda entrou para uma organização conhecida como os Gigantes Guerreiros Goggle Five. A organização que utilizava a ciência para o bem, na época, lutava contra uma outra organização conhecida como DesDark. A batalha se seguiu durante muito tempo até que os Goggle Five alcançaram a vitória.Os Goggle Five existem até os dias de hoje. No passado, os integrantes dos Goggle Five eram acompanhados por um grupo de crianças super dotadas de inteligência conhecidas como Os Computer Boys and Girls. A criança que era responsável por ajudar Kuroda na época, era Makoto Takenaka, hoje com seus 26 anos de idade.Terminada a batalha contra os Desdark, Kuroda e Miki Momozono, a Goggle Pink, se casaram e adotaram Makoto, que perdeu seus pais em um acidente dias depois do fim da batalha. Makoto ficou com eles durante todos esses anos e aprendeu a tratar Miki como sua mãe, porém ela, em uma ação contra alguns poucos remanescentes da Desdark, perdeu sua vida em combate, deixando para trás Kuroda com toda a responsabilidade de continuar a criação de um adolescente.

Makoto: ...Olha, não é que eu não considere o senhor como pai, mas é que…

Kuroda: Eu entendo, você ainda está tentando superar a perda da Miki. Todos nós sofremos com isso. Eu a amava de todo o meu coração. Mas eu me apoio em pensar que ela morreu como queria, lutando.

Makoto então, com os olhos cheios de uma certa mágoa, vira seu rosto para Kuroda.

Makoto: Todos os outros Goggle Five veteranos, passaram o bastão para outras pessoas mais jovens assumirem o manto depois que a mamãe Miki morreu. Por que o senhor não pode fazer isso?

Kuroda olha fixamente para os olhos de Makoto, abre a porta do carro e sai. Makoto, depois de respirar fundo para não surtar com a insistência do pai adotivo, em fazer o que lhe deixava com muita raiva, que era não responder a essa pergunta, também abre a porta do carro batendo-a com força em seguida.

Makoto: Vamos comprar logo essas drogas de presentes, e depois vamos pra casa.

Kuroda: Cuidado com essa boca. Posso não ser o Goggle Black que eu era em 82, mas eu ainda respondo como seu pai.

Makoto simplesmente dá de ombros e segue o caminho rumando para entrada do Shopping. Kuroda sorri, pois sabia que o filho tinha esse comportamento desde a adolescência. Quando não queria ouvir ou não se importava com a opinião do pai, dava de ombros e saia andando, como se nenhuma briga tivesse acontecido, e recomeçava uma nova conversa, na maioria das vezes com um sorriso no rosto. 

Os dois adentram o Shopping pela grande porta principal de vidro. Muitas pessoas tinham vindo a esse shopping para ver a demonstração do que a tecnologia avançada de 1998 era capaz de fazer. O prédio comercial inteiro era controlado por computadores de última geração. As portas utilizavam sensores, as escadas rolantes só se acionavam quando havia circulação de pessoas. Nas portas painéis virtuais se formavam para interagir com os usuários do shopping mostrando um mapa detalhado das instalações, fora todos os telões com filmes de promoções que rolavam e que fascinavam as pessoas naquele lugar. Com toda essa parafernália tecnológica, o Japão, mais precisamente Tokyo, marcava época em 1998. As pessoas circulavam com seus filhos, namorados com namoradas, famílias inteiras entravam e saiam das lojas com grandes sacolas penduradas em ombros e carregadas pelas mãos. Naquele domingo, o Shopping estava praticamente lotado. Kuroda e Makoto caminham juntos pelos corredores seguindo sua conversa sobre outras coisas além de seus problemas internos de pai e filho. Falavam da época de Goggle Five, de futebol, das namoradas encrenqueiras que Makoto arrumou ao longo dos anos até que os dois chegam em uma área bem interna do shopping, onde havia uma fonte. As pessoas sentavam nos bancos em volta pra ler, tomar seus sorvetes ou simplesmente conversarem.

Makoto: Esse lugar ficou realmente sensacional. 

Kuroda então se aproxima e descansa seu braço direito no ombro do filho.

Kuroda: Acho que aquela sua namoradinha metida a riquinha ia gostar de gastar seu dinheiro aqui. Como era o nome dela mesmo?

Makoto sorrindo: Ha Kuroda, nem me lembro, acho que era Seika ou Shelly. Já faz tanto tempo.

Kuroda: É, mas eu me lembro dela. A Miki odiava ela. Nos almoços de domingo sua mãe ficava torcendo pra você não levar ela em casa. Era muito engraçado.

Os dois riem um pouco juntos, se lembrando com saudades dos tempos em que os três formavam uma família. Até que o riso cessa, o sorriso murcha e os olhos de Makoto enchem de lágrimas.

Makoto: Sinto falta dela. Sinto falta dos meus pais biológicos também. Sinto falta de todos.

Kuroda pensa em se aproximar do filho para abraçá-lo, para dizer que tudo ia ficar bem, que mesmo que ele não o chamasse de pai, que ele ainda o teria como o filho que ele nunca teve, e que esse sentimento seria para sempre, mas antes que ele pudesse tomar coragem para tal feito, uma movimentação estranha começa a acontecer em volta da fonte daquela área do shopping. Um homem trajando uma camisa branca e calça jeans, aparentando ter seus cinquenta anos com cabelos pretos misturando-se a alguns fios brancos, começava a se estrebuchar no chão chamando a atenção dos curiosos ali. Ele se contorcia todo, como se estivesse tendo um ataque epilético. Sua filha, uma linda garota de dezoito anos, cabelos amarrados em estilo maria chiquinha, se jogava em cima do pai gritando por ajuda enquanto tentava manter o pai parado no chão para que ele não se machucasse tamanha era a intensidade do ataque.

Garota: Papai...Papai, aguenta firme, alguém me ajude por favor!!

Kuroda e Makoto, no intuito de ajudar começam a empurrar as pessoas, passando pela multidão de curiosos e se abaixam perto do homem e da garota. Kuroda tenta segurar o homem enquanto Makoto acode a garota afastando-a. 

Kuroda: Depressa, alguém chame um médico. Esse homem está tendo um ataque epilético.

De repente o homem para de se mover, o corpo fica estático no chão, não havia respiração. Kuroda coloca o dedo logo abaixo de seu queixo na lateral da garganta procurando a pulsação da veia que passava por ali, sem sucesso. O homem havia morrido ali dentro do shopping, em seus braços, na frente da própria filha.

Kuroda: Meu Deus, ele está morto.

A garota se vira para Makoto e o abraça se debulhando em lágrimas. As pessoas em volta ficam perplexas com tal acontecimento. Alguém, em plena semana de inauguração de um dos Shoppings mais aguardados pela população de Tókyo desde seu anúncio, havia morrido ali dentro, sem receber ajuda. Os seguranças do Shopping começavam a chegar correndo para ver o que havia acontecido. Kuroda então se afasta do corpo e vai para perto do Filho cujo os braços ainda consolava a garota.

Kuroda: O que aconteceu com seu pai? Ele estava doente.

Garota chorando: Não! Nós...nós...estávamos caminhando pelo Shopping e um homem com um jaleco branco esbarrou nele. Ele me disse que sentiu uma picada e logo depois começou a passar mal. Eu não sei o que houve! Eu….O meu Deus!!

Kuroda então volta para perto do corpo do homem empurrando os seguranças e começa a procurar, nos braços, peito, barriga e pernas algum sinal de que o que a garota estava dizendo era verdade. Ele percebe um pequeno furo, que parecia ser feito por uma agulha, na altura do cotovelo do defunto, antes que um outro segurança o puxe para trás novamente. Kuroda tem seu corpo praticamente arremessado para perto de Makoto e da garota.

Segurança: O que pensa que está fazendo? Fique para trás e não atrapalhe o nosso trabalho. 

Kuroda: A garota disse que o homem foi picado por alguma coisa. Olhe próximo do cotovelo dele.

Segurança: Nós só temos que isolar a área, quem tem que ver essas coisas são os policiais e a perícia.

Kuroda: Não seja tolo. Se o que a garota disse for verdade o homem foi envenenado e o assassino pode estar aqui no Shopping ainda. Pode atacar outras pessoas.

Segurança: Você é que é um idiota. Ninguém morre com uma picada de agulha. Afaste-se imediatamente se não quiser que eu o afaste a força.

A discussão entre Kuroda e o segurança iria se estender, não fosse o fato que alteraria o curso da história da vida de todos que estavam ali ao redor.

O homem que até então estava morto abre os olhos. Seus olhos agora eram de uma cor leitosa, o preto dos olhos agora eram cinza e sem vida. Primeiro o tronco do homem se levanta, seu nariz suga o ar para dentro como se estivesse sentindo cheiro de uma das mais deliciosas guloseimas de todo o mundo. As pessoas em volta começam a comemorar, “Ele está vivo” - Dizia um homem que estava abraçado a esposa gravida. “Graças a Deus” - Dizia uma outra senhora com sacolas nas mãos. O segurança então interrompe a discussão e se vira se aproximando do homem. 

Segurança: O senhor está bem? Vamos levá-lo ao médico.

Garota: Meu...meu pai está vivo. 

O grito do segurança atravessou todo o piso térreo do shopping despertando a atenção de todas as pessoas que circulavam por ali, quando o homem recém ressuscitado, o puxou pela nuca e caiu sobre sua jugular com seus dentes enegrecidos e pingando uma espécie de gosma preta, rasgando sua pele e puxando em sua boca o máximo de carne que podia. O sangue do segurança jorrou sobre outras pessoas que estavam ali ao redor. Uma mulher gritava enlouquecidamente sem parar, uma boa parcela das pessoas, assustadas, corriam enquanto o corpo já sem vida do segurança caia pelo chão com o sangue se esvaindo. Em seguida, já com a boca avermelhada do líquido vermelho e quente que saiu da veia do segurança, o homem, pai da garota, abre a boca emitindo um som gutural e ensurdecedor, como se pedisse por mais daquela carnificina. Não demorou muito para que um outro segurança pulasse pra cima do monstro na intenção de detê-lo, mas o menor descuido, fez com que o segurança recebesse uma mordida na bochecha tendo parte de seu rosto arrancada nos dentes do monstro. Mais sangue, carne viva caindo pelo piso liso e encerado do Shopping, e mais um corpo sem vida alcança o chão. As pessoas então começam a correr desesperadas, sem entender o que estava acontecendo. Naquela altura do campeonato, ninguém ficaria ali para saber. Seria uma história a contar na mesa da ceia de natal, de como um maluco matou dois seguranças no Shopping a mordidas, enquanto se provava as guloseimas feitas por uma mãe, uma avó ou uma tia, porém, nenhuma daquelas pessoas chegaria em casa para contar o fato. No menor sinal de aproximação humana nas portas de saída, uma outra gigantesca porta de metal começa a descer do teto travando o caminho e impedindo as pessoas de saírem do recinto. Kampei Kuroda, em todos os anos que atuou como Goggle Black, ao lado de seus amigos, ao lado de Miki, a Goggle Pink, nunca havia presenciado algo como aquilo. Para se somar ao seu impressionismo, outro evento começa a acontecer. 

O homem morto começa a dar saltos sobre humanos pelo espaço aberto do piso térreo e cair por cima das pessoas. A primeira, uma mulher grávida aparentando ter seus vinte e cinco anos, tem sua barriga aberta em meio a multidão desesperada. Ela gritava tão alto que do próprio inferno era possível ouvir sua voz chegando, tamanho o desespero. O pequeno feto saiu na mão do monstrengo sedento por carne humana e sangue, e enquanto ele o mastigava, olhava em volta procurando sua próxima vítima.

Kuroda ainda estava ali parado, com o braço a frente do filho que por sua vez protegia a moça. Os dois estavam ali próximos a fonte sem saber o que fazer, que iniciativa tomar. A garota desesperada chamava o nome do pai. Foi quando, para piorar a situação, os seguranças que hora estavam mortos, começaram a se estrebuchar no chão, logo em seguida eles abrem os olhos, sugam o ar para dentro do nariz como se sentissem o cheiro da carnificina e se levantam. Um salta em meio a multidão já agarrando um garoto que já devia ter seus dezesseis anos e caindo com seus dentes em cima da cabeça quebrando o crânio e arrancando com os dentes partes do cérebro do menino sem chance de defesa para ele. Já o outro segurança recém revivido pelo demo ou seja lá o que quaisquer outras crenças poderiam justificar, corre na direção de Kuroda que em um instinto, gira o corpo e desfere uma voadora que acerta a cabeça incompleta do que seja lá o que fosse aquilo. O segurança cai dentro da fonte misturando seu sangue a água. Kuroda pega o filho pelo braço e tenta puxá-lo buscando uma outra direção para sair do local, enquanto via as pessoas serem literalmente devoradas vivas pelos monstros, porém, a garota que Makoto protegia perde sua sanidade. Ela se desprende das mãos de Makoto e começa a gritar enlouquecidamente pelo pai, que para o azar dela, ouviu seus apelos. O pai, o primeiro dos monstros a levantar da mais um de seus saltos sobre humanos. A garota sente seu corpo ser empurrado para outra direção quando o pai dela pousa no chão onde ela estava. Makoto havia se jogado em cima da garota tirando-a do caminho da morte, porém, acabaram ficando indefesos deitados ali no chão. Quando deram por si, o homem morto-vivo já estava em cima deles pronto para mordê-los, quando mais uma voadora de Kuroda, afasta o bixo. Os dois se levantam e quando eles vão começar a correr, Makoto sente a garota sendo puxada de seus braços. Ela foi arrancada de seus braços com tanta força, que Makoto pensou terem sido vários homens a puxá-la, mas quando ele olhou para trás, era apenas uma mulher com a barriga aberta e as tripas penduradas para fora pingando em sangue, que mordia a garota no ombro. Ela mordia com tanta força que a garota caiu de joelhos, antes de tombar completamente ao chão com a grávida a consumi-la em pedaços. Parte do sangue da garota jorrou no rosto de Makoto. A garota foi engolida por vários outros mortos, recém mordidos que, próximo a ela, haviam se levantado com a fome do inferno. Kuroda desviou da investida de um dos mortos deixando-o passar direto. Makoto estava ali parado, estático, vendo aquela multidão de mortos se alimentando do corpo da garota. O outro segurança sai da fonte, e salta em cima do que já era uma montanha de sangue e carne humana sendo devorada, para se alimentar também. Agora o local estava cheio de mortos, pessoas mortas que se levantavam para se juntar ao grupo devorador. Os que não estavam em pé tentando comer alguém, estavam no chão prestes a se levantar, ou estavam no chão em pedaços, e os que não estavam no chão em pedaços e nem tentando morder alguém, estavam lutando pela vida. 

De um lado havia um homem meio gordinho, um metro e oitenta e cinco pelo menos, tentando proteger uma mulher, ele manejava um taco de beisebol como se aquilo fosse uma espada, acertando os mortos e afastando-os de seu caminho. do outro lado, uma mulher tentava chegar até o elevador. Ela estava acompanhada de uma senhora, que já aparentava seus sessenta anos. Kuroda não pensa duas vezes e puxa Makoto na direção do homem com o taco de basebol. Makoto chuta um dos mortos abrindo caminho, Kuroda chuta outro com mais uma de suas voadoras. Eles correm em meio a aquela quantidade enorme de mortos vivos. Quando o gordinho do basebol foi cercado ao derrubar um dos mortos a sua frente, surge Makoto socando um de um lado, Kuroda socando outro. Eles se olham. Não havia tempo para agradecimentos ou convenções sociais. Kuroda aponta para o elevador, onde a mulher com uma cadeira nas mãos tentava afastar a multidão que a atacava. O homem então, com sua mulher segurando por uma mão e o taco na outra, começa a abrir caminho. Um outro morto salta pra cima dele, porém com a perna esticada no ar, Kuroda abate o inimigo que vai pro chão em meio a outros que caminhavam atrás deles. Makoto corre pra perto da mulher tirando a cadeira de sua mão e estraçalhando ela nas costas de um dos mortos que vinha por trás dela, salvando-a. Kuroda continua tentando afastar os mortos com seus golpes, tentando manter distância. Makoto então olha para mulher dando sinal para ela ir até o elevador enquanto ele socorre a senhora no chão apoiando-a em seu ombro.

Makoto: Vai, eu pego ela. VAAI!!!

A mulher da um rolamento pelo chão passando por uns quatro mortos e para perto do elevador, apertando o botão. A porta se abre até que rapidamente. Um dos mortos se aproxima dela. Ela saca uma arma, um 38 na cor preta, e dá um tiro explodindo o crânio de seu algoz, e enquanto o sangue cai por cima da pele branca de seu rosto, o corpo do  morto-vivo se choca com o chão.

Mulher: Venham depressa!!

Makoto, com a velhinha pendurada nos ombros, corre em direção ao elevador. Kuroda puxa o homem do taco de beisebol que por sua vez puxa sua mulher. Makoto está quase chegando no elevador com a senhora apoiada em seus ombros, porém, o que ele na tentativa desesperada de ajudar a mulher de idade não percebeu, é que a pobre já havia sido mordida, e diferente de outros mortos, sua morte e transformação foi muito rápida. Ainda pendurada nos ombros de Makoto, a velha levanta sua cabeça com seus olhos leitosos e dentes enegrecidos, e se joga para cima do garoto que em meio a multidão de mortos, cai no chão com a velha por cima. A mulher no elevador se desespera e começa a apertar o botão para fechá-lo. Makoto está agora no chão em volto de mortos, a uns quatro passos da única coisa que os separavam da morte certa, segurando a senhora pelo queixo e testa tentando impedi-la de abocanhar qualquer que fosse a parte de seu corpo. 

Dentro do elevador a mulher já respirava aliviada quando a porta começava a se fechar. O homem com taco de beisebol segura a porta com uma mão e com a outra joga sua esposa para dentro. Em seguida ele abre a porta do elevador novamente, se vira rapidamente e desce o taco na cabeça de mais um morto-vivo que estava quase para morder seu braço. Outro morto se aproxima e o agarra, ele o empurra com uma ombrada e desfere outro golpe explodindo massa encefálica para todo lado.

O Homem: Depressa!! Vamos!! Não posso segurá-los por muito tempo.

Kuroda passa puxando a velha para trás tirando-a de cima de Makoto, pega o filho pela camisa puxando-o para a direção do elevador. Foi nesse momento, quando Makoto estava prestes a alcançar a última e única saída disponível para aqueles que ainda estavam vivos, que um dos mortos pulou em cima dele e de seu pai, e na intenção de proteger aquele que tinha como filho, Kuroda colocou o braço na frente do rosto de Makoto, quando a boca cheia de dentes podres que estava destinada ao jovem, crava em sua pele.

Kuroda: AAAAAARRRRRRRRRGGGGGGGGGHHHHH!!!.

O homem: EI GAROTO, PEGA!!!!

O homem já no elevador, joga o taco de basebol para Makoto que o agarra no ar, se vira e desfere um golpe bem na testa do monstro que tinha o braço de Kuroda nos dentes. O monstro com o impacto do golpe cai para longe em cima de outros mortos. É quando Makoto puxa Kuroda para o elevador. Quando todos estão finalmente dentro da caixa de metal, a porta se fecha, com uma multidão de mortos vivos sedentos por sangue e carne humana, batendo na porta do lado de fora, e todos eles presos ali dentro.

A mulher que entrara primeiro no elevador, armada com uma 38, cabelos negros lisos até a altura do meio das costas, rosto suado, roupas brancas repletas de sangue estava sentada em um dos cantos do equipamento com as mãos na cabeça, aparentando não acreditar no que acabara de acontecer. O homem do taco de beisebol abraça sua esposa, uma mulher de uns 28 anos, cabelos curtos até a altura dos ombros, meio enrolados. Ela usava um vestido rosa bem clarinho, já sujo pelo que parecia ser carne humana, dos corpos de outras pessoas. Makoto que trazia seu pai apoiado nos ombros o coloca sentado no outro canto do elevador e se agacha para ficar perto dele. Kuroda levanta a manga da blusa prateada que usava, e percebe o tamanho do estrago. Os dentes do morto-vivo, havia perfurado várias camadas de sua pele. Era possível sentir que seus dentes tinham chegado a encostar em seu osso. E a dor que Kuroda sentia era insuportável. O homem do taco, encosta sua esposa na parede de metal fria do elevador, puxa um pano de dentro de seu bolso, uma espécie de echarpe que provavelmente ele havia comprado para dar a esposa, se agacha próximo a Kuroda e amarra o pano em seu braço usando-o como uma espécie de curativo.

Kuroda: Obrigado...Quem...Qual é o seu nome?

Kenji: Pode me chamar de Kenji. Eu avisei pra Maria que deveríamos ir pra casa da minha mãe sem os presentes mesmo. Mas ela insistiu que tínhamos que conhecer esse Shopping de merda!

A mulher encostada na parede retruca

Maria: Você não pode tá falando sério! Você está me culpando por isso.

A outra mulher no canto resolve tomar a palavra. Ainda sentada, com as mãos a cabeça como se estivesse pensando em que próximo passo investir, olha fixamente para todos ali dentro do elevador e começa a falar.

Mey: Podem parar de falar besteiras pelo amor de Deus. Suas vozes só vão atrair mais deles.

Todos ficam calados seguindo a orientação da mulher, até que Makoto resolve quebrar o silêncio.

Makoto: Sinto muito por sua avó. 

Mey: Ela não era minha avó, era minha chefe. Eu sou policial.

Ela então vira seu olhar para o grandão do beisebol.

Mey: Ei grandalhão, que tal apertar o botão do último andar. Vamos ver se lá em cima, achamos um lugar pra nos esconder e um tempo pra respirar.

Kenji: Eu vi!! Vi você fechando a porta do elevador de propósito. Ia nos deixar lá fora pra morrer. Eu devia te jogar lá fora junto com aquelas coisas, agora.

Mey se levanta, e ela e Kenji ficam um encarando o outro. Uma nova discussão estava prestes a começar.

Mey: Se me jogar lá fora, você perde a única chance que tem de ir pra casa da mamãe antes da meia noite do dia 25 de dezembro.

Makoto então se levanta e interrompe a discussão entrando no meio dos dois.

Makoto: Calma aí gente. Temos problemas maiores aqui. E nós nem sabemos o que está acontecendo. Vamos nos acalmar. Preciso manter meu pa… o Kuroda, seguro. 

Nesse momento todos perceberam que o elevador começou a se movimentar, pra cima. Quando olham para perto de onde ficam os botões dos andares, Kuroda estava de pé, suando muito, e com os olhos fixados nos outros integrantes do grupo. Ele mesmo havia acabado de apertar o botão.

Kuroda: Discutir não nos levará a nada. A mulher tem razão. Vamos achar um canto pra nos organizar e achar uma saída desse inferno. Eu fui mordido, então, eu posso ser um a mais pra ajudar vocês, ou demorem pra se decidirem, e eu serei um a mais tentando matar vocês.

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As portas do elevador se abrem no último andar do prédio. As lojas já estavam todas com vidros quebrados, manequins espalhados pelo chão, e vários corpos, ou pedaços do que eram pra ser corpos espalhados também. Kenji trazia sua mulher Maria abraçada a ele. Makoto trazia Kuroda sobre os ombros ajudando-o a caminhar devido a fraqueza que ele sentia, muito provavelmente por causa da contaminação da mordida que recebera no antebraço ao salvar o filho. Já Mey, que havia se declarado policial, é a última a sair do elevador olhando para todos os lados com a 38 em mãos, preparada para tudo. A essa altura do campeonato, as luzes já estavam piscando, segundos ficavam apagadas, segundos ficavam acesas. Eles adentram por uma porta de vidro ainda inteira de uma loja de roupas. Todos passam por ela para que Kenji a feche colocando o taco por entre os vãos dos puxadores grandes que a porta tinha, e todos se escondem atrás de um grande balcão mais para dentro da loja, quando percebem que pelos corredores adjacentes, caminhavam algumas das criaturas que até a algumas horas atrás, eram homens, pais de famílias, mulheres e infelizmente, crianças. Kuroda sentia seu corpo todo queimar, ele chega a arrancar a blusa prateada que usava jogando-a para o outro lado do chão da loja. Makoto se senta ao lado dele. 

Kuroda: Cof...Cof...Acho que...acho que não vou aguentar muito mais tempo.

Makoto: Que que isso pa...Kuroda. Você é o Goggle Black. Já passou por coisas piores que isso. Eu vou te tirar daqui, nós vamos a um hospital e você ficará bem.

Mey: Ele não ficará bem. Na verdade ele já está morto.

Todos, ao ouvirem o que Mey acabara de dizer, sentem um frio na espinha. A garota parecia saber exatamente o que estava dizendo, o que levou Kenji, a avançar pra cima dela, agarrá-la pelo pescoço e a prensá-la contra uma parede ao lado do balcão onde os outros agachados se escondiam. 

Kenji: Eu e minha mulher quase morremos lá em baixo. Você ia fechar a porta do elevador na nossa cara e nos deixar pra morrer. Se você sabe alguma coisa, começa a falar. Fala!!!

Maria agarra o braço do marido implorando para que ele largue a mulher, mas ele estava irritado. Kenji na verdade era uma pessoa muito boa, amado pelos vizinhos e querido por muitos amigos, porém, tinha um defeito. Era muito estourado e agia muito por impulso. Suas ações impulsivas inclusive já o haviam deixado em várias enrascadas, perdendo inclusive empregos. Maria continua a puxá-lo. Ele olha para sua esposa, olha para Mey, olha para esposa novamente, e então abre a mão largando o pescoço da policial e deixando-a pousar no chão.

Makoto: Kenji, por favor, pare!

Kenji então senta-se ao lado de Kuroda e Makoto, enquanto Mey seguia com suas revelações.

Mey: Meu nome é Mey Kitaguiri. Eu e minha chefe, a senhora que morreu lá embaixo, nós estávamos investigando uma organização que suspeitávamos estarem ligados a eventos estranhos e ataques biológicos pelo mundo. Eles tem um nome, Biolon! Foram desmantelados no passado, mas agora, alguns remanescentes tem atuado em pontos do planeta. Nossa investigação nos levou a um homem. Ele se intitula doutor Messias, e depois de muito tentarmos rastreá-lo, chegamos ao Japão. Ele estava aqui. Messias, é um velho conhecido da central de policia. Suas atuações são sempre envoltas a ataques biológicos.

Makoto: A menina disse que um cara de jaleco branco esbarrou no pai dela. Será que…?

Kuroda: Ele...ele..tinha uma marca de picada...argghh...provavelmente uma picada de seringa. Eu...eu vi quando o revistei, antes do segurança me puxar.

Mey: Tenho razões pra acreditar que o Messias estava aqui, pra testar a eficácia de um vírus, o vírus Z. 

Makoto: Vírus Z?

Mey: Houve outros ataques biológicos em outras partes do mundo, nada igual a isso. Em um deles nós quase conseguimos pegar esse Messias que estava a espreita, mas ele escapou deixando pra trás apenas algumas anotações. Em uma dessas anotações, havia uma descrição de testes do Vírus Z. Achamos que ele veio ao japão para testar esse vírus. Até então não sabiam os exatamente o que esse vírus podia fazer, agora sabemos.

Maria: Ó meu Deus!!

Mey: Quem é mordido, é contaminado com o vírus, e quando morre volta a vida. E pelo visto, a única maneira de manter esses mortos, mortos, é quebrar o pescoço ou explodir seus miolos. E pelo que vocês puderam presenciar, essa merda se alastra rápido.

Kenji: Ora, essa história não tem pé nem cabeça. 

Makoto: Não não, faz todo sentido! Vamos partir do princípio que esse cara, Messias, que ele exista. Um Shopping lotado, com uma tecnologia que pode ser hackeada e controlada de longe.

Kuroda: Cof...cof….Isso explicaria...as portas se fechando na hora em que as pessoas tentavam sair. E explica por que ninguém ainda apareceu aqui pra nos ajudar.

Makoto: Várias cobaias, dentro de um ambiente controlado, que ele pode observar e manusear de longe sem correr o risco de se contaminar com o próprio experimento. Não dá pra negar que esse cara é muito inteligente. Um genocida filho da puta, mas inteligente.

Kuroda: Olha essa boca...arrgghhh!!

Mey: Estamos presos dentro do teste doentio desse Messias. 

Maria aparentando medo: O que a gente faz?

Mey: Só dá pra ir pra cima, pro teto. Não dá pra descer, não dá pra pegar os elevadores, não dá pra voltar por onde viemos. Só dá pra subir.

Kenji: Não vamos a lugar nenhum! Estamos seguros aqui. Alguém virá nos salvar, é só ficarmos quietos.

Makoto: Não, não estamos salvos, e até alguém entender o tipo de risco que estamos passando aqui vai ser tarde demais. Eu tenho que tirar meu… o Kuroda daqui. Eu quero tentar salvá-lo. Além do mais, vamos precisar de água, comida, coisas essenciais que não temos nessa loja de roupas. Se ficarmos aqui, cedo ou tarde morremos, se sairmos e chegarmos ao topo do Shopping, temos uma chance de pedir ajuda.

Kenji retruca: Se passarmos por essas coisas e elas nos seguirem até lá em cima, ficamos encurralados. Além do mais, sinto muito mas ele já está morto. Me admira ele ainda não ter se transformado.

Makoto: Enquanto ele estiver aguentando, se houver uma chance de salvá-lo, eu vou tentar. Vamos lá Kenji, se você não se importasse, não teria segurado a porta do elevador pra gente conseguir chegar.

Kenji olha para esposa, depois olha ao redor e em seguida olha para Makoto novamente, considerando todas as possibilidades.

Kenji: Ta bem. Vamos nessa. Afinal, ele já fez muito por nós no passado, nada mais justo do que eu tentar fazer isso por ele. Certo Goggle Black.

Kuroda sorri por uns instantes ao perceber que o homem o havia reconhecido pelos seus feitos como um Goggle Five em épocas remotas, mas seu sorriso desaparece quando a tosse vem, e junto com ela, o vômito.

Makoto e Kenji se abaixam para tentar apartá-lo. Os dois o pegam cada um por um braço para que ele conseguisse se levantar. Nesse momento, Mey e Maria se preparam também para que todos pudessem sair pela porta de onde entraram. 

Kenji: Amor, puxe o bastão da porta para abri-la, faça devagar, e em seguida me passe ele. Por enquanto é a arma que temos, além do 38.

Obedecendo ao pedido do marido que ela tinha como seu protetor, Maria é a primeira a se aproximar da porta, ela então retira o bastão da porta de vidro transparente, se vira e mostra o bastão em mãos para seu marido que ajudava Kuroda juntamente com Makoto enquanto Mey estava ao lado deles. Tudo aconteceu muito rápido para Maria. A pobre moça apenas ouviu o estalar dos vidros quando eles se despedaçaram com um corpo podre, porém muito vivo passando por ela e caindo por sobre seu corpo. O morto-vivo havia visto Maria se aproximar da porta e do outro lado do corredor do andar, deu um salto estraçalhando a porta de vidro com o choque de seu corpo e caindo por cima dela. A dor dilacerante da mordida em sua jugular foi imediata e os gritos de dor e desespero ecoavam pelo local quebrando o silêncio. Kenji soltou o braço de Kuroda e correu em direção a sua esposa.

Kenji: QUERIDA!!! NÃÃÃÕOOO!!

O homem pegou o bastão caído pelo chão e em um movimento rápido acertou o crânio do monstro que saiu de cima de sua esposa e caiu para fora da loja bem no corredor. Kenji solta o bastão e se joga no chão ao lado de sua esposa. O sangue jorrando de sua garganta, saindo por sua boca. Os olhos fixos no teto. Ele coloca as mãos sobre o ferimento da esposa tentando parar o sangramento, em vão. Mesmo se fosse possível tal feito, a morte de Maria era certa, assim como a de Kuroda estava cada vez mais próxima.

Maria: A...a...mor...or….

Maria para de se mexer, para de expressar qualquer reação, os olhos perdem a luz e assim sua vida se vai.

Kenji: Mariaaaaaa!!!!MAARIIIIAAAAAAAA!!!!!

A alguns passos de distância, Makoto com Kuroda apoiado em seu ombro e Mey, que assumiu o lugar de Kenji quando ele correu para ajudar sua mulher, percebem que os zumbis, os mortos-vivos, começaram a se aglomerar pelos corredores, vários deles caminhando para a frente da loja. A quantidade de mortos provavelmente foi atraída pelos gritos de Kenji, que por sua vez, pelo choque de ver a esposa morrer daquele jeito estúpido, nem percebeu o perigo se aproximar.

Makoto: Kenji, temos que ir, agora, ou não sairemos mais.

Mey: Anda grandalhão, levanta! Ela ta morta!

Os mortos se aglomeraram na porta e praticamente já estavam em cima de Kenji. Só deu tempo do grandalhão se virar e uma multidão caiu por cima dele. Forte do jeito que era, ele abriu os braços e com o próprio corpo, segurou a manada que tentava a todo o custo passar. 

Kenji: VÃO, VÃO AGORA, EU VOU GANHAR TEMP...AAAAAARRRRGGGGGHHHHH!!!!

A primeira mordida foi no antebraço, um outro morto-vivo o mordeu ao lado do rosto arrancando-lhe a orelha. Um outro morto vivo mordeu sua barriga enquanto outros o dilaceraram literalmente derrubando seus intestinos e tripas pelo chão da entrada da loja. O grandalhão mantinha-se em pé como uma muralha ainda assim, até que uma morta viva, sua esposa, se levanta, e por trás dele o morde no ombro. Fazendo-o perder todo o resto de força que ele ainda tinha, seu corpo caiu pesado pelo chão, e a horda de mortos vivos travaram a única saída que Kuroda, Makoto e Mey ainda tinham. Enquanto a grande maioria dos mortos se deliciavam com os restos do grandalhão, Makoto e Mey começam a se arrastar para trás com o corpo do Kuroda apoiado sobre os seus ombros. Os Mortos na porta começam a abandonar o corpo de Kenji e começam a se levantar em direção a Makoto, Mey e Kuroda.

May: Temos que ir pro fundo. Vamos, AGORAAA!!

May deixa Makoto sozinho segurando Kuroda enquanto saca sua arma. Makoto e Kuroda avançam por um corredor nos fundos da loja, Mey logo atrás deles caminhando rapidamente de costas para eles e de frente para os Mortos que iam se aglomerando pelo pouco espaço que ali havia. Ela dispara a arma uma vez, e o tiro explode o cérebro do Morto enfeitando as paredes do corredor. O morto cai morto de vez, outros mortos passam por cima dele. Mais um tiro e mais um morto cai com a cabeça toda estourada. Mey mira e dispara mais uma vez, e nenhum tiro sai de sua arma. 

Mey: Mas que droga, eu to sem munição.

O final do corredor chega. Makoto coloca Kuroda no chão e começa a olhar em volta tentando encontrar uma saída, Mey vira a arma segurando ela ao contrário e disparando coronhadas em todas as direções enquanto ao mesmo tempo tenta se desvencilhar do mundaréu de braços e mãos que tentavam agarrá-la. 

Mey: Makoto!! Rápido, não temos mais tempo.

Makoto empurra algumas caixas que havia na lateral do final do corredor revelando ali uma porta. Ele tenta abrir a porta e a mesma estava trancada. Ele empurra e nada, até que ele toma uma distância e desce um chute na mesma. A porta se abre. Ele volta, pega Kuroda apoiado em seus ombros e em seguida o joga para dentro do local.

Makoto: Mey!! Vamos rápido!!

Mey acerta um último morto que cai travando um pouco da passagem dos outros mortos. O que a deu um tempo para correr, empurrar Makoto e junto com ele adentrar o recinto. Makoto fecha a porta e com o próprio corpo tenta mantê-la fechada uma vez que ele teve que arrombar para entrar. Os mortos se aglomeraram e apenas ele seria impossível manter a multidão para o lado de fora. É quando Mey se levanta, e começa a tentar empurrar um armário pesado desses de estoque que havia ao lado da porta, porém só a força dela era insuficiente.

Makoto: Empurra o armário pra cá.

Mey: Ele é muito pesado pra mim sozinha.

Makoto: Não posso largar a porta. Mas não vou aguentar por muito tempo.

É quando Mey percebe mais dois braços ajudando-a a empurrar o armário e como se fosse um tronco de árvore cortado por um lenhador, o armário despenca caindo em direção a Makoto que dá um salto dando um rolamento no chão enquanto a estrutura de ferro cai, bloqueando a porta. Mantendo, mesmo que por um breve período, os Mortos do lado de fora. Quando Makoto senta no chão e tem tempo para respirar e analisar a situação, vê ao lado de Mey, Kuroda, que havia utilizado suas últimas forças, para ajudá-la a empurrar o pesado armário. Kuroda em seguida, caminha com dificuldade até próximo de algumas caixas de papelão, e cai sobre elas!!

Makoto: Kuroda!! Aguenta firme.

Makoto vai até Kuroda que estava prestes a perder os sentidos enquanto, recostada sobre o armário que travava a porta, Mey se sentava, exausta, com o rosto sujo de sangue e algo no cabelo que parecia ser restos humanos de alguns dos Mortos que ela atingiu com os tiros e em seguida com a coronha da arma. Kuroda leva sua mão até o rosto de Makoto com dificuldades e depois o segura pela camiseta. Com a outra mão, Kuroda retira do bolso algo que se assemelhava a um relógio. Tal objeto já era conhecido por Makoto. Era o Goggle Bracer, que dava a Kuroda a possibilidade de se transformar em Goggle Black.

Kuroda: Você me perguntou...por que eu nunca passei o bastão, como Akama e os outros fizeram. A...a verdade é...que depois que a Miki morreu, eu fiquei com tanta raiva, fiquei furioso...então eu quis me refugiar na missão de ser um Goggle Five, por que todas as vezes que eu me transformava em Goggle Black, eu sentia ela mais próxima de mim. Eu sempre achei que não tinha entregado minha posição por conta disso...mas, a verdade...a verdade é que eu só estava esperando o momento certo pra fazer o que vou fazer agora. 

Kuroda então levanta a mão com o bracelete e o oferece a Makoto.

Makoto: Não..não!! Isso é seu. Você vai continuar usando isso por muito tempo.

Kuroda: Não...não dá mais. Makoto, nós dois sabemos que meu corpo só não deve ter se transformado ainda devido ao meu organismo e ao fato de eu ter ficado anos exposto ao Goggle Suit...mas agora...agora chegou meu fim. Eu não tenho mais tempo….

Antes que Kuroda pudesse concluir suas palavras, a tosse veio, avassaladora. O fez sobressaltar e apertar o colarinho de seu filho. Quando a mesma passou, ele pegou o pulso de Makoto, passou a pulseira do bracelete em volta e a fechou.

Makoto chorando: Por favor...não desista...Pai...não desista de mim...não desista de nós.

Kuroda então, com todas as forças que seus músculos ainda podiam desempenhar, sorri, e uma lágrima cai de seu rosto.

Kuroda: Você me chamou de Pai. Finalmente! Se eu soubesse que para ouvir isso de você teria que lutar contra zumbis, eu mesmo teria soltado esse vírus.

Makoto: Pai!! Pai…! PAAIIIII!!!

Os olhos de Kampei Kuroda se fecham, sua mão cai imóvel chocando-se com o chão frio daquela sala estreita e cheia de caixas. O silêncio vem, e apenas o som gutural dos mortos do lado de fora batendo na porta era possível se ouvir. Kuroda, ex-Goggle Black, estava morto.

O luto de Makoto dura apenas alguns segundos, pois Kuroda abre novamente seus olhos, que agora estavam leitosos, abre sua boca mostrando os dentes cujo o sangue coagulado descia enegrecido. O agora morto Kuroda emite um som, o som da morte. Tão logo Makoto percebe que seu pai voltara a vida, ele se coloca atrás do corpo do pai, e ali, sentado ao chão, com o pai de costas a sua frente ele lhe desfere uma chave de braço e começa a apertar seu pescoço. Com as lágrimas ainda rolando, Makoto prendia Kuroda e apertava seu pescoço mais e mais

Makoto em lágrimas: Calma pai! Tá tudo bem...Pode ir...tá tudo bem! Tá tudo bem.

A última frase veio junto com um estalo, e o corpo que se debatia buscando carne humana, agora estava imóvel, nos braços do filho. Mey estava sentada ali com os olhos arregalados. Nada a havia chocado tanto em tantos anos de carreira policial como aquela cena. Com um semblante já diferente, Makoto se levanta, deixando o corpo de seu pai no chão. 

Mey: Makoto...eu…

Makoto: Vamos sair daqui. Agora.

Mey se levantando: Você devia dar um tempo. Nós passamos por muita coisa até aqui. Precisamos pensar numa maneira….

Makoto grita: NÃO HÁ O QUE PENSAR!!

Mey então se retrai.

Makoto: Não há o que pensar. Agora só podemos ir pra frente. E mesmo que eu morra no final. Eu vou levar todos esses malditos mortos de volta pro inferno.

Mey sabia que nada que ela pudesse dizer naquele momento, faria algum sentido para Makoto que acabara de perder alguém importante para ele. E no final, Makoto tinha razão. Se eles quisessem sair dali, o único caminho era pra frente, em meio a multidão de mortos. Ela então muda seu semblante de uma mulher assustada para uma destemida policial. 

Mey: Eu to pronta. Vamos lá.

Makoto: Muito bem****GOGGLE BLACK****!!!

Ao terminar de proferir o comando de voz, o corpo de Makoto é revestido por uma malha especial preta, com o detalhe no peitoral em branco e um broche de formato circular no peito esquerdo com o símbolo dos Goggle Five. Sua cabeça é envolta por um capacete preto, deixando apenas seus olhos e uma parte do nariz a amostra. Logo que o capacete acaba de envolver sua cabeça, um visor desce da extremidade superior do elmo fechando assim seu rosto por completo. Assim, Makoto torna-se Goggle Black, o sucessor do Goggle Black original.

Goggle Black: Essa é a roupa que meu pai usou pra lutar contra a Desdark. Vou usá-la com sabedoria pai, eu prometo.

Black tira de seu coldre pendurado ao cinto, um dispositivo, um cabo que ao sair do coldre, imediatamente transforma-se em um bastão de mais ou menos uns 70cm, era o Goggle Stick, que ele oferece a Mey. Ela, não se fazendo de rogada, aceita a arma de imediato.

Mey: Isso vai servir.

Goggle Black: Fique atrás de mim, venha me seguindo me dando cobertura pela retaguarda. Enquanto isso eu vou atacando pela frente abrindo caminho. Vamos derrubar todos, um por um. Nenhum deles deve sair de dentro desse shopping. Esse vírus tem que morrer aqui.

Mey: Entendido.

Goggle Black manifesta outro bastão, com uma extensão de 1.30m, de forma cilíndrica e na cor preta. constituído de um material especial, não nativo da terra.

Goggle Black: Eu vou com essa. Tá pronta?

Mey balança a cabeça positivamente, assim, com apenas uma mão, apoiado agora pela força do Goggle Suit, Black retira o armário da frente da porta jogando-o para o lado. Quando a porta se abre com o peso dos corpos dos recém mortos, Black com apenas um chute no peito do morto da comissão de frente, joga para trás a primeira linha de mortos que estava pronta para devorá-los. Com o bastão ele avança saindo da sala e desferindo o primeiro golpe da esquerda para a direita acertando pelo menos três cabeças decrépitas que explodem em massa encefálica e pedaços de crânios. Em seguida avança mais alguns passos com mais um chute no peitoral do morto-vivo a frente. Mey vinha atrás com o Goggle Stick desferindo golpes contra os mortos remanescentes que atacavam pelos lados enquanto Black focava em sair da loja pela porta da frente. Com o bastão jogado para frente ele atravessa quatro corpos empurrando-os contra outros, puxa o bastão de volta e girando-o ele desfere golpes nas cabeças de mais mortos em volta. Em seguida gira o corpos ao mesmo tempo em que gira o bastão acertando os outros quatro mortos que a frente, avançavam contra eles encontrando a morte pela segunda vez. Agora havia mortos apenas vindo pelas laterais e Black juntamente com Mey logo trás, avança alcançando a saída da loja.

Goggle Black: Se continuarmos assim conseguiremos.

Mey: Sim, vamos manter a formação e o ritmo.

Mais mortos avançam pela frente mas Black gira o bastão acertando a perna de um morto e fazendo-o se desprender do chão e cair com violência com as costas no piso frio do andar. Em seguida a ponta do bastão afunda no crânio mole e putrefato do corpo agora inerte. Atrás dele mais mortos de aproximam, mas Mey, com destreza e velocidade acerta o Goggle Stick em um golpe de baixo para cima estourando a cabeça de um, outro golpe de cima para baixo estourando a cabeça de outro. Um outro que vinha de lado tenta agarrá-la, mas ela o empurra com o cotovelo, e depois crava o stick dentro do olho de seu oponente. Black avança se abaixando e deslizando-se pelo chão, se levanta girando o bastão e atingindo no estômago de mais um morto derrubando-o. Outro morto vem pra cima mas ele o acerta em um golpe de lateral explodindo sua cabeça jogando pedaços de cérebro para todo o lado. Ele então pisa no peitoral do morto que estava no chão, mira o bastão em seu olho e…

Goggle Black: Eu vou matar cada um de vocês.

Após terminar a sentença dos mortos, ele crava o bastão no olho esquerdo do morto, matando-o dessa vez definitivamente. Do outro lado do corredor um dos mortos solta um grito estridente e gutural, e em seguida ele salta voando para cima de Goggle Black que ergue a perna e acerta um chute no estômago do corpo sem vida, antes que ele pudesse alcançá-lo, e antes que o morto pudesse encontrar o solo, Black desfere um poderoso golpe com o bastão explodindo o corpo, fazendo tripas, sangue e vários fluidos corporais se espalharem para todo o lado manchando o preto de sua suit com um vermelho sangue.

Goggle Black: Mey, vamos atraí-los pro piso térreo. 

Black então volta alguns passos para trás passando por vários mortos-vivos desferindo seus golpes com o bastão e derrubando todos em pedaços. May acaba de estourar a cabeça de mais um com o Goggle Stick quando Black a pega pela cintura e salta com ela do último andar do Shopping até o piso térreo, ficando em espaço aberto. Os dois pousam em segurança, porém, vários mortos que estavam no piso térreo os cercam. Os mortos dos outros andares começam a saltar e em segundos todos os mortos do shopping estão em volta deles formando um denso e infernal círculo da morte. Eles grunem, gritam, avançam com suas mãos contra os dois que de costas um para o outro tentam manter um perímetro seguro.

Mey: E agora!?

Goggle Black: Continuamos, até que não sobre nenhum deles.

Sendo assim, Black volta a desferir golpes com seu bastão, Mey com o Goggle Stick continua a acertar crânios, dá um passo para trás e depois outro para frente acertando outros crânios, e quanto mais mortos caiam, mais mortos avançavam contra eles. Black gira o bastão e desfere um golpe da esquerda para direita, outro golpe de cima para baixo. Gira o corpo e desfere uma voadora afastando o morto a frente, gira o corpo e se abaixa desferindo uma rasteira, se levanta e crava o bastão no crânio do que estava no chão, e mais mortos avançam, Mey dá um passo para trás desviando da investida de outro morto, desfere outro golpe com stick de um lado para outro explodindo mais cabeças, e mais sangue voa para cima dela, mais sangue cobre sua roupa, e mais mortos aparecem.

Goggle Black: Mas que droga, isso não vai ter fim.

Mey: Estou...estou cansada, não consigo continuar.

Os mortos ainda de pé passam por cima dos corpos inertes de outros derrubados pela dupla, tentando alcançá-los para saciar sua fome de carne humana. Por um momento os dois se descuidam, os mortos avançam. Mey já sentia diversas mãos frias sobre sua pele banhada de sangue. Black já não tinha mais espaço para se mover tamanha era a quantidade de mortos que os cercavam. Foi nessa hora que, graças a super audição proporcionada a Makoto pelo capacete da Suit que usava, ele ouve o ronco de um motor, um motor que ele já conhecia muito bem, devido aos anos de trabalho como computer boy na base secreta dos Goggle Five, um motor que ele e seus quatro amigos ajudaram a desenvolver. O motor do Goggle Cougar, uma caminhonete 4wd usada pelos Goggle Five originais em missões. Black se desvencilha dos mortos ao seu redor, corre até Mey que estava para ser mordida pelo morto mais próximo e desfere um golpe com o bastão estourando mais uma cabeça. Ele arremessa o bastão contra uma fila de mortos a frente fazendo objeto atravessar pelo menos três crânios. Ele agarra Mey pela cintura, manifesta o Goggle chicote através da pedra no centro de seu elmo e o arremessa em uma das colunas horizontais de ferro que sustentavam o teto. O chicote se encolhe puxando os dois para cima afastando-os dos mortos restantes quando a porta do shopping explode com o choque do poder das armas do Goggle Cougar que passa em seguida por ela. O carro freia no chão do shopping com os outros quatro atuais Goggle Five em seu interior. No volante, Goggle Blue aperta um botão nos controles acionando todas as armas da caminhonete que disparam lasers, tiros, e raios explodindo todos os corpos ainda de pé. Sangue, tripas, crânios, massa encefálica e tudo mais que era separado de seus corpos originais voavam espalhando-se pelo chão, até que o último morto caiu.Segundos depois, do alto, desce Black pousando no chão com Mey envolvida por seus braços, a frente do Goggle Cougar. Mey leva o pulso ao nariz tentando não respirar o cheiro de podridão e carne morta queimada. Makoto retira o capacete, o preto de seu uniforme estava manchado com vermelho do sangue dos mortos em diversas partes.

Os Goggle Five descem do carro e enquanto Red retira seu capacete aproximando-se de Makoto. Os outros sacam suas Sticks e começam a verificar os locais do shopping eliminando os mortos restantes. Goggle Red, ao retirar seu capacete revela-se ser o antigo Computer Boy Tatsuya Ueda, sucessor do Goggle Red Original Kenichi Akama .

Tatsuya: Está tudo bem com vocês? O que aconteceu aqui?

Makoto: É uma longa história. Por que demoraram tanto pra aparece?

Tatsuya: A cidade está um caos. Todo e qualquer sistema de comunicação estava falhando. Colocamos nossos cientistas pra trabalharem nas motivações dessas ondas de falhas. Não descobriram nada, mas independente disso, todos os meios de comunicação voltaram a funcionar do nada. Foi ai que percebemos que havia alguma coisa errada, pelas câmeras sincronizadas com nossa base. E ai viemos pra ajudar. 

Mey olhando para Makoto: Deixar uma cidade inteira as cegas? Provavelmente fazia parte do experimento.

Tatsuya: E o Kuroda?

Makoto com lágrimas nos olhos: Só nós.

Tatsuya olha ao redor tendo uma ideia do tamanho da carnificina que havia acontecido naquele dia dentro do Shopping.

Tatsuya: Vamos limpar essa bagunça. A organização já está a caminho. Você deveria descansar. Agora nós estamos completos de novo e…

Makoto: Não...Não vou me juntar a vocês, não agora. Eu vou atrás do cara que fez isso. Não foi a primeira vez. E essa não será a última. Meu pai morreu aqui por causa dele, e isso não pode ficar impune. 

Tatsuya respira fundo, e vendo que não conseguiria convencer Makoto do contrário, resolve não discordar do amigo.

Tatsuya: Usa os computadores da base, consiga o máximo de informações que puder com eles, e depois, se precisar de ajuda, conta com a gente.

Enquanto Makoto, Mey e os outros Goggle Five se despediam, carros de bombeiros, polícia e resgate médico chegavam ao shopping, repórteres se aproximavam para conseguirem a matéria do ano. Nenhum morto saiu caminhando de dentro do Shopping e ali o vírus foi mantido e erradicado, porém, uma guerra se iniciava. Makoto sem saber, acabou entrando nela, e ela estava longe de terminar.

UM PRÉDIO ABANDONADO A 10 QUARTEIRÕES DO LOCAL DO INCIDENTE.
Em uma sala escura, com vários monitores, um homem, terno branco, óculos escuros a frente desses monitores, acabara de assistir a todo o evento que ocorreu no Shopping. Do lado dele, um outro monitor menor, de umas 14 polegadas, surge uma silhueta no formato de um rosto desenhado em 8bits. 

Rosto: E então Messias, como foi o teste do vírus Z?

Messias: Os soldados criados através do vírus Z são lentos, porém conseguem saltar a uma grande distância. Se alimentam de carne humana e quanto mais se alimentam mais fome sentem. São fáceis de controlar desde que estejamos fora de seu alcance, mas são fisicamente fracos e fáceis de matar. Só representam um perigo extremo se estiverem em grande número. Ainda não é o que estamos buscando.

Rosto: Nesse caso, inicie os testes com o vírus L. Desligando....

O rosto no monitor lateral desaparece. O homem então se levanta saindo da sala. Dez minutos depois, o prédio explode acabando com todo e qualquer rastro que pudesse ser  deixado, enquanto Messias desaparece novamente....

Continua..>


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