Power Rangers Armada Pirata - Inicio da Jornada

 


Estamos na cidade litorânea de Mariner Bay, ano de 2025, Estados Unidos. Já faz mais de 10 anos que um evento conhecido como a Guerra Lendária aconteceu, levando todos os heróis conhecidos neste universo como Power Rangers a desapareceram após usarem todos os seus poderes para destruir uma última ameaça vinda do espaço. Desde então, nenhuma outra ameaça apareceu no planeta. A terra seguiu em paz.

Com a paz progredindo no mundo, a corrida tecnológica avançou, alguns países começaram a buscar maneiras de melhorar a vida da humanidade, outros focaram na corrida espacial. Um projeto em particular estava em andamento pelas mãos da sociedade civil, financiado por alguns bilionários e com o aval do governo estadunidense, a cidade artificial de ATLÂNTIDA estava quase pronta para ser colocada em funcionamento.


O mundo estava mudando muito rápido, o aquecimento global tomava conta do planeta, o nível do mar em cidades litorâneas como Mariner Bay por exemplo, subia mais e mais a cada ano, logo, buscar uma alternativa para a humanidade sobreviver caso alguma catástrofe climática em escala mundial ocorresse em um futuro próximo, tornou-se uma prioridade para algumas pessoas detentoras de um poder financeiro extremamente alto. A cidade de Atlântida nasce dessa necessidade. Uma estrutura com um espaço geográfico de 160,000 km² construída sobre uma plataforma marítima de mesma extensão, capaz de navegar pelos mares. Possui a aparência de uma cidade comum com prédios, ruas, avenidas, pequenos sistemas de transportes terrestres, comércio, uma pequena rede politica para controle populacional, dos direitos e da cidadania das pessoas que ali vão viver. Possui na parte inferior, que fica submersa sob a água, uma estrutura de uma cabine que ocupa uns cinco quilômetros de extensão que compreende todo o sistema de energia, rede de computadores e diversos outros equipamentos em funcionamento, além de toda a demanda de funcionários para fazer tudo aquilo funcionar. Na parte frontal da cabine, a sala de controle de onde a gigantesca embarcação era pilotada. Além disso, para sua proteção e segurança de seus habitantes, ela conta com uma instituição de segurança privada conhecida como os Guardiões de Prata, que estarão sempre apostos para proteger as pessoas na cidade, e a lei que a rege, além também de atuarem na navegação, sistema de socorro imediato e combate ao fogo como uma de suas demandas.


A cidade de Atlântida já se encontrava ancorada no mar, há muitos quilômetros afastada do porto de Mariner Bay, e nesse momento, atracando em seus pequenos portos de acesso da cidade flutuante, vários barcos de passageiros chegavam trazendo todas as pessoas que previamente foram escolhidas para viver a experiência de morar, por um ano em uma cidade que passará seu tempo navegando pelos oceanos do planeta. 


A idéia para os investidores e também para o governo dos EUA, é que se essa cidade funcionasse como esperado, e essa experiência desse certo, que esse projeto de desenvolvimento de cidades artificiais com a capacidade de se moverem pelo globo fosse ampliado e várias outras cidades fossem criadas, para diminuir a superlotação em algumas cidades do mundo como São Paulo, Nova York e Seul por exemplo, uma vez que essas cidades foram projetadas para serem inteiramente auto suficientes.


Nesse momento, logo a alguns metros afastado de um dos portos de desembarque por onde as pessoas caminhavam com suas malas e pertences, seguindo o fluxo controlado pelos soldados membros dos Guardiões de Prata, havia um pequeno palco, no centro dele um púlpito com microfones de algumas das maiores emissoras de TV e sites do planeta, logo abaixo do palco, alguns repórteres e correspondentes desses veículos de comunicação que estavam ali para cobrir o tão aguardado lançamento da embarcação ao mar aberto, com seus cadernos de anotações e gravadores apostos para não perderem nenhum detalhe. Quando uma plateia considerável de pessoas se formam ali, sobem ao palco três homens convidados pelo anfitrião que apresentava o evento. Num primeiro momento uma salva de palmas foi disparada pelas pessoas ao verem as figuras subirem ao palco


O primeiro, um distinto senhor vestido com seu terno preto George Armani e sapatos de couro na mesma cor, cabelos já grisalhos, rosto arredondado e olhos verdes. Já era conhecido pela população não só por ter sido o dono de um dos laboratórios mais promissores em biotecnologia, o Bio-Lab, como também por ter sido o responsável e principal financiador da criação dos Guardiões de Prata, uma polícia privada que tinha até então como missão, combater ameaças que a polícia comum da cidade de Silver Hills na época não conseguia combater. Esse homem era o Sr. Collins. Logo atrás dele vinha outro homem, cabelos penteados para trás, cavanhaque e olhos castanhos, vestia um uniforme militar na cor preta, com algumas insígnias, e o símbolo dos guardiões de prata do lado da manga comprida na parte de cima do uniforme do lado direito. Este também já era conhecido pelo mundo como o capitão de uma das naves de exploração espacial mais bem sucedida da história, a Terra Venture ou Terra Ventura como alguns a chamavam. Esse era o Comandante Stanton. E por último logo atrás de Stanton, vinha ninguém menos do que o também já conhecido do público, principalmente dos moradores de Minere Bay, capitão Michel, este também usando um terno militar preto, porém, uma versão mais inspirada nos uniformes usados pelos comandantes e capitães da marinha estadunidense, com um cap com o símbolo dos guardiões de prata na frente, trazia consigo um bigode protuberante, uma marca registrada de sua aparência. 


Os três se juntam um ao lado do outro logo atrás dos microfones aguardando as palmas serem concluídas em respeito aos cidadãos da nova cidade que estavam eufóricos. Quando as palmas cessaram, o Sr. Collins toma a frente, bate com o dedo indicador em um dos microfones conferindo se o som estava realmente saindo, e então começa seu discurso.


Estamos começando hoje a realizar um sonho que teve início lá em 2020. Muita coisa aconteceu de lá pra cá. Tivemos várias vitórias e várias derrotas, passamos por pandemias, anúncio de guerras entre países mesmo com o acordo de paz entre os povos já estabelecido. Mas sobrevivemos, superamos os problemas e as adversidades e construímos com o braço da sociedade a cidade de Atlântida, um projeto que visa levar a humanidade a explorar o seu próprio mundo buscando de forma sustentável — Seguia ele com fervor em seu discurso — uma maneira de perpetuarmos nossa espécie, ainda que o mundo nos diga o contrário. Atlântida, é o sonho de todos e uma possibilidade de seguirmos em frente. Atlântida não só simboliza a superação de uma espécie, como também o futuro das seguintes gerações. Eu estou muito feliz de fazer parte disso, e espero que cada um de vocês aqui, também estejam.  — E então, apontando para uma das câmeras que transmitiam em tempo real para o mundo seu discurso — E eu espero que você que infelizmente não pôde estar nessa jornada conosco, torça daí para que tudo dê certo. 


O Sr. Collins dá um passo para trás enquanto é ovacionado com as palmas e gritos de “Huhhuu”, das pessoas que o assistia. Quando as palmas cessam novamente, é a vez do Comandante Stanton dar um passo à frente e chegar ao microfone para discursar.


No ano 2000, a nave espacial Terra Venture deixou o planeta Terra e partiu para encontrar um novo mundo, enfim chegamos a um planeta, Mirinoi, onde conseguimos com algumas dificuldades, construir uma nova sociedade. Essa experiência, juntamente com a necessidade de novas descobertas, me trouxe de volta à terra para integrar o time que partirá para essa nova aventura. Sejam todos muitos bem vindos a cidade flutuante de Atlântida e espero poder contar com todos vocês para que tudo saia de acordo com o planejado. 


Mais uma salva de palmas e enquanto o comandante Stanton se afasta do microfone, é a vez do Capitão Michel se aproximar, colocar as duas mãos sobre o púlpito e começar seu discurso.


Já faz quase onze anos que a terra teve sua última invasão. Como todos sabem, eu lutei em diversas oportunidades contra forças que queriam dominar o nosso mundo, e na última invasão, no evento conhecido como Guerra Lendária, eu perdi meus dois filhos. Meus filhos lutaram para defender a Terra por diversas vezes, e como morador dessa Terra, desse planeta, defender esse legado tornou-se minha missão de vida. A Terra por sua vez, já se encontra em uma situação alarmante, buscar recursos, buscar alternativas para a nossa sobrevivência nesse vasto mundo, não significa nada mais do que fazer jus a esse legado. Vamos fazer essa experiência dar certo, eu quero fazer isso pelos meus filhos. — E então ele se afasta, e mais palmas…


Após esse discurso, o anfitrião que apresentava as festividades em cima do palco assume mais uma vez seu posto, e os três homens descem do palco e saem caminhando em direção a seus carros sendo protegidos por seguranças e alguns dos policiais da Guarda de Prata. Comandante Stanton entra no primeiro carro que logo deixa o local, em seguida, o Capitão Michel entra no carro logo atrás e também deixa o local. Quando o Sr. Collins se prepara para entrar no último carro para sair em comboio com os outros dois, ele é abordado por uma das repórteres que conseguiu passar pela segurança. A moça de cabelos e olhos castanhos e pele morena clara, usando uma blusa branca, calça jeans preta e uma bota preta, com um celular na mão com o gravador acionado se aproxima.


—  Sr. Collins, o senhor pode me responder algumas perguntas?


Já com parte do tronco e a perna direita dentro do carro, Sr Collins não se surpreende ao ver de quem se tratava ser a repórter que o abordava de forma quase invasiva. Ele então coloca a perna direita para fora do carro e fecha a porta novamente se apoiando no veículo e colocando as suas mãos no bolso.


Elizabeth — Respira demonstrando cansaço — Nós já não nos falamos por diversas vezes em Silver Hills e depois em Mariner Bay? 


Elisabeth continuava com o celular apontado para o entrevistado gravando a conversa — É que o senhor não responde minhas perguntas de forma clara, então eu tenho que ficar te incomodando — Debocha ela.


Eu estou meio ocupado no momento. O que você quer?


Elisabeth aproveita a deixa do entrevistado — A cidade de Atlântida, foi construída com o suor, sangue e lágrimas de diversos trabalhadores braçais, engenheiros, mecânicos, diversos profissionais trabalharam nessa cidade, porém, quando vemos a lista de pessoas selecionadas para receberem a passagem e o título de cidadão, vemos uma quantidade considerável de pessoas de classe média alta, ricos, e curiosamente, a grande parcela das pessoas que trabalharam pra esse sonho de bilionário se realizar… — Diz enquanto olha em volta demonstrando a ele que se referia a cidade — …não chegaram nem perto de ter a chance de estar aqui. O que o senhor tem a dizer para essas pessoas? — Conclui a pergunta com um olhar determinado a emparedar o homem.


Dr. Collins olha para ela com um olhar de reprovação, sendo colocado contra a parede mais uma vez pela repórter. Por muito tempo, Dr. Collins fez investimentos em projetos, alguns bons para sociedade, outros nem tanto, embora sempre visasse melhorar a vida da maior parte da população, e sempre que alguns desses projetos esbarravam em alguma questão social, Elizabeth aparecia. Com seu gravador e seu blog, disseminava informações que muitos ricos em sua maioria não gostariam de compartilhar. E agora ela novamente fazia frente a ele. Em sua cabeça antes que pudesse organizar suas palavras para responder de forma educada, ele se perguntava como o nome dela entrou na lista de pessoas para estarem em Atlântida. Após sua mente se organizar ele abre um sorriso e responde a ela.


Todos os colaboradores que trabalharam no desenvolvimento do projeto, na construção da cidade e em todos os outros aspectos que envolvem essa gigantesca estrutura de ferro e concreto, foram bem pagos. Seus trabalhos foram muito valorizados. Houve um investimento por parte de algumas pessoas que somaram trilhões pra essa cidade acontecer, e como você sabe, os lugares são limitados. O que houve na seleção das pessoas para participarem dessa viagem experimental, foi apenas política, e, embora eu tenha sido chamado para coordenar a cidade, eu não tive e não tenho poderes para interagir nessa seleção. — Conclui ele certo de que tinha conseguido uma boa resposta. 


O senhor disse que os trabalhadores foram muito bem pagos. Então para o senhor se trata apenas de dinheiro, quer dizer, quem investiu mais na cidade tem mais direito a ela do que qualquer trabalhador que a tenha construído? — Retruca ela de forma incisiva.


O sorriso do rosto de Collins desaparece, sua feição muda para uma feição mais séria — Estou lhe dizendo que eu não tive participação na seleção dos candidatos a cidadãos da cidade, apenas isso.


Ela insiste. — O senhor diz que não teve participação, mas também disse que houveram investidores, e deu a entender que como na política, quem tem o dinheiro tem o controle. Em verificação aos dados financeiros eu vi que o senhor foi um dos investidores e mesmo assim, tá me dizendo que você não teve poder nenhum na decisão de selecionar os cidadãos? Que não houve nepotismo, que não houve favorecimento? O senhor mente descaradamente para a população e não sente nenhuma culpa por isso?


A feição de Collins muda mais uma vez — Agora já chega! — Ele arranca o celular da mãos da garota, e joga no banco de trás do carro pela janela aberta. — Você já está passando dos limites me seguindo pra onde eu vou o tempo todo e pegando no meu pé — coloca o dedo indicador à frente de seu rosto — O mundo está acabando Beth. Se alguma coisa der errado aqui, não tem nada lá fora que nos salvará. Essa cidade pode ser a única coisa entre a extinção e a sobrevivência da humanidade. 


O que você pensa que ta fazendo? — Pergunta ela batendo sua mão direita no braço do Sr. Collins tirando o dedo dele de seu rosto. 


O Sr Collins então dá um passo para trás, respira fundo e continua — As pessoas são mesquinhas Beth, gananciosas, egoístas, e por mais que você ache que tudo tenha que acontecer da maneira certa, o certo pra essas pessoas é diferente do certo pra você ou pra mim, então sim, houve nepotismo, houveram favorecimentos — Diz ele agora se aproximando dela de forma mais contida — Muita gente que merecia, não pôde estar aqui, mas muita gente que merece, está. E se uma ou outra pessoa entrou aqui por favorecimento ou qualquer outro meio que não o legal, eu te peço desculpas mas… — Ele respira fundo, coloca as mãos na maçaneta da porta do carro e a abre colocando o pé direito novamente dentro do carro — Se isso der certo, podemos salvar milhões, não, trilhões de vidas do planeta, de cidades que podem morrer em poucos anos — ele finalmente adentra o veículo e fecha a porta, enquanto o motorista no banco a frente liga o carro preparando-se para sair.


Ele pega o celular da garota, apaga as gravações de suas declarações e o devolve para ela que o pega através da janela.


Eu não sei como você conseguiu o passaporte para entrar, mas se quiser, pode ficar na residência que foi destinada a mim e a minha família. — Diz de forma calma enquanto mantém seu olhar para frente.


Eu não faço parte da sua família. — diz com olhar decidido — Eu te vejo por ai, pai! 


O carro parte para alcançar o comboio de todos os outros carros que já haviam saído. O palco já se encontrava deixado pelos apresentadores da festa e as pessoas já começavam a se dispersar com suas malas em direção a seus destinos. Um alarme sonoro se pronunciava pelo espaço da cidade enquanto uma espécie de cúpula começava a cobrir toda a cidade, por um tempo, tudo escureceu, mas segundos depois, a cúpula se acendia simulando um céu azul e límpido. 


As televisões, celulares e computadores de todo o mundo assistiram ao pronunciamento dos três homens escolhidos para liderarem os três aspectos principais da cidade. Assim que a cúpula desceu cobrindo toda a cidade, as transmissões foram cessadas, e as pessoas do mundo voltaram a suas vidas normais. Já em Atlântida, a cidade se preparava para zarpar para alto mar. Os três homens seguem para suas posições. 


O primeiro a chegar em seu local de trabalho foi o Capitão Michel. O carro preto entra no estacionamento subterrâneo do prédio no centro da cidade. O prédio trazia o nome Centro de Comando estampado com letras grandes em seu topo. Ao descer do carro o Capitão é recebido por uma mulher. Ela usava um terno feminino, cabelos pretos compridos e lisos, olhos castanhos e jovem com traços latinos. Ela presta continência e se apresenta. O símbolo dos Guardiões de Prata estava alocado do lado esquerdo de seu terno. 


Capitão Michel, eu sou a agente especial Carla Reys. O senhor pode me chamar de Agente Reys. 


A vontade agente — Os dois começam a andar seguindo um comboio de outros quatro homens usando ternos pretos, também com o símbolo dos Guardiões, que os levam até uma porta privativa que se abre para um corredor. Ela então lhe entrega uma pasta, a porta se abre e o grupo de pessoas segue pelo corredor.


O que é isso? — Pergunta enquanto abre a pasta e lê seu conteúdo. 


Essa é uma lista de todos os imediatos que estarão à disposição do senhor. Também temos uma descrição de todas as demandas que o senhor deve seguir e todos os processos administrativos, seus estágios e as pessoas por trás de mantê-los em andamento para que o senhor não comece no escuro. — seguem caminhando.


Isso é incrível Agente Reys. 


Eu fui designada para estar ao lado do senhor e atendê-lo no que for necessário, então sinta-se à vontade para me solicitar qualquer demanda. 


Eles chegam à frente da porta de um elevador. O primeiro homem à frente aperta um botão, passa seu cartão de acesso em um sensor vermelho e a porta se abre. 


Capitão, o senhor e a agente Reys seguem daqui sozinhos por medida de segurança — Diz o homem que parecia liderar os outros três, entregando o cartão de acesso para a Agente. 


Muito obrigado — O Capitão agradece enquanto entra no elevador acompanhado pela agente. 


A porta se fecha e o elevador começa a descer metros rumo a seu destino. 


A agente Reys se vira para o capitão — Eu…eu — Meio nervosa a agente Reys começa a falar  — Gostaria de dizer que sou muito sua fã Capitão. E eu..sinto muito pelos seus filhos…E eu espero…


Agente Reys — Interrompe o capitão — Claramente você está um pouco nervosa então, eu agradeço as palavras e…acho que podemos seguir, tentando ao máximo fazer um bom trabalho. Tudo bem? 


Haa..Claro — Responde ela percebendo o corte — Desculpe! — Se volta para a frente da porta novamente.


Não me leve a mal. Eu só…estou um pouco cansado de ouvir condolências sobre meus filhos — Diz ele ainda olhando para frente. — Eu…Não quis parecer grosseiro. Vamos tentar ser uma boa equipe.


Claro senhor! — Responde ela recuperando um pequeno sorriso.


O elevador finalmente alcança seu destino, as portas se abrem e o capitão e sua imediata se deparam com um lugar de espaço amplo, vários oficiais trajados com uniformes que lembravam a marinha americana, com logos dos Guardiões de Prata, desenhado no peito do lado esquerdo. Alguns andavam pra lá e pra cá com pranchetas nas mãos, outros sentavam-se às suas mesas de frente para monitores gigantes de quarenta e duas  polegadas alinhados com diversos dados impressos em suas telas. Passando por esse espaço, um novo corredor surge com as paredes todas construídas com estruturas em vidros inquebráveis, por onde era possível assistir toda a vida marinha do local como se fosse uma atração turística de um aquário. Passando por mais esse corredor, Michel e Reys finalmente chegam à Sala de Controle, um amplo espaço com mais oficiais sentados em suas posições. A sala de controle lembrava a cabine de controle de um submarino, porém em uma escala muito maior. Sentados nas cadeiras, de frente para apetrechos tecnológicos, monitores e radares, estavam oficiais com anos de treinamento para cada função executada. Ao entrar na sala, Capitão Michel não pôde deixar de notar na tela gigantesca à sua frente as imagens do fundo do mar transmitidas ao monitor principal pelas câmeras ao longo da extensão da parte inferior da cidade submersa sob a água.


É lindo — Diz ele com os olhos marejados. — Essa vai ser uma grande viagem. — E então ele se volta para a tripulação da sala de controle. — Muito bem pessoal, preparem-se. Vamos começar o trabalho. — Seguía o capitão dando a primeira ordem — Icem as âncoras da ala leste, em seguida oeste e sul e por último norte. Sincronizem os movimentos. Quero relatório sobre os motores — Solicita ele.


Os motores um, dois e três já estão ligados e aquecidos Capitão. — Diz um dos oficiais sentado a frente de um monitor. — Os motores quatro e cinco estão prontos. Motor seis em processo, Capitão. — Diz outro oficial.


E os estabilizadores? — Pergunta. 


Estabilizadores prontos, Capitão. — Responde o outro oficial.


E então, com toda a verificação concluída — Muito bem, vamos partir! 


E assim, os primeiros movimentos de Atlântida dentro do Mar aberto se inicia, fazendo a gigantesca embarcação entrar para a história da América.


Em um dos carros pretos escoltado por duas motos que vinham à frente pilotadas por dois agentes dos Guardiões de Prata, no banco de trás do carro, o comandante Stanton, agora Chefe Stanton, seria responsável por chefiar o serviço de polícia prestado pelos Guardiões de Prata. O carro adentra uma rua onde pelo lado direito do vidro, ele pôde ver um grupo de rapazes, usando camisas na cor lilás e bermuda na cor preta, em um parque, no gramado se exercitando seguindo os comandos de um outro homem que os chefiavam. O motorista, também um oficial dos guardiões, percebe o interesse do agora chefe e comenta…


Resolveram trazer uma pequena leva dos cadetes em treinamento para concluírem suas tarefas durante a viagem, senhor. — Adianta o oficial no volante. 


Hum! Interessante. Qual o seu nome filho?


Chris Hanter, senhor! Pode me chamar de Hunter — Se identifica.


Perfeito, senhor Hunter, obrigado pela informação.


Disponha senhor. Estamos chegando na sede dos Guardiões, apenas à algumas ruas do Centro de Comando.


O carro entra no estacionamento e pára à frente da porta de entrada do local. A sede dos Guardiões de Prata, era um prédio que remetia sua fachada a estruturas gregas, com uma escada a frente antes da porta principal. O chefe desce do carro e sobe pelas escadas chegando à sala onde vários policiais trajando seus uniformes pretos, bonés e jaquetas pretas com o logo dos Guardiões de Prata estampado nas costas se acomodavam. O Chefe Stanton então resolve se apresentar pedindo a atenção de todos.


Pessoal, peço um minuto do tempo de vocês. Eu estou assumindo a chefia do serviço de policiamento e patrulhamento da cidade de Atlântida a partir desse momento — Segue se explicando.Quero que compreendam, que toda ocorrência, alerta e pedido de ajuda dos cidadãos passa por aqui, o que significa que temos muito trabalho pela frente e eu estou aqui para colaborar com todos vocês. Então, eu desejo bom trabalho a todos — Ele sorri finalizando sua apresentação e os policiais se dispersam novamente para concluírem seus afazeres.


O Chefe Stanton segue para sua sala, ele fecha a porta de vidro e finalmente se senta em sua cadeira. — Então, que comece a jornada!


E finalmente o último dos selecionados para o comando da cidade chega a seu lugar de destino, um pequeno porém luxuoso prédio que abrigará o trabalho das pessoas que assessoraram a prefeitura da cidade. Assim como o prédio sede dos Guardiões de Prata, o prédio da Prefeitura também ficava a algumas ruas do Centro de Comando. Sr. Collins finalmente alcança sua sala. Uma cadeira estofada de couro preto ficava logo atrás da mesa de onde ele daria suas ordens e faria valer algumas leis atribuídas aos cidadãos da cidade. Atrás da cadeira onde ele deverá se sentar pelos próximos meses, uma janela grande com uma estrutura de vidro, de onde ele podia ver boa parte das ruas e cidadãos que circulavam por ali. 


Ele então se dirige para a janela. Encara o ambiente lá fora por alguns segundos e em seguida se senta à sua mesa tirando uma fotografia do bolso, a foto de uma garotinha, aparentemente uma criança de uns cinco anos sorrindo em seu colo em um passado não tão distante. Ele coloca a foto no porta retrato ao lado de outro porta retrato com a foto de seu filho Wes Collins. 


Seria isso uma chance de consertar alguns erros do passado — Ele indaga a si mesmo. — ou apenas mais uma maneira de nos machucarmos ainda mais? Eu realmente gostaria de saber. 


Finalmente a gigante estrutura de metal e concreto protegida por uma redoma de vidro especial, tão forte quanto o aço, começa a dar seus primeiros movimentos rumo ao futuro. Graças a tecnologia utilizada nos estabilizadores espalhados por toda a extensão da parte inferior que ficava debaixo d’água, mesmo que o mar estivesse agitado ou algumas ondas fossem um pouco mais agressivas, nada se sentia do lado de dentro da cidade, nenhuma única vibração, e seu formato triangular facilitava a visão e navegação da equipe do Capitão Michel que tinha toda a extensão do mar a frente. Então, após sua partida, duas semanas se passaram.


………………..


Os cidadãos da cidade ainda estavam eufóricos com a novidade, muitos tentavam se acostumar com a nova realidade, bares e lojas se abriram para cumprir a função do comércio. A área industrial que produzia as fontes de energia e outros itens indispensáveis à vida dentro da colônia começava a funcionar a todo vapor com os funcionários designados a seus postos. Linhas de ônibus e até linhas pequenas de metrô começaram a operar depois dos dois primeiros dias com testes e mais testes para garantir a segurança dos passageiros que fossem utilizá-las. A produção de energia ficava por conta de uma siderúrgica instalada na extremidade inferior da cidade em uma pequena cúpula separada onde apenas os funcionários e engenheiros tinham acesso. 


Para que todos sentissem o passar do tempo de forma a continuar o fuso horário dos Estados Unidos, a cúpula principal que cobria toda a cidade simulava a noite e o dia, não só isso como a cidade também tinha um controlador de clima que podia junto a cúpula, simular estações do ano, no momento o verão. 


Finalmente uma rotina se instaurou para a maioria dos cidadãos da cidade, a vida seguia para todos. Nos primeiros dias, Capitão Michel mal teve tempo para respirar tamanha as atribuições a seu cargo, garantindo que tudo estivesse certo, e com a ajuda da agente Reys, ele conseguiu. Já a polícia não teve muito trabalho, mas seus agentes se desdobraram entre ajuda a comunidade e o patrulhamento tanto diurno como noturno e para o Chefe Stanton por enquanto, apenas a burocracia lhe permitia passar o tempo de forma a não se sentir entediado. Quanto ao Sr. Collins, esse por sua vez seguia seu trabalho, de olho em tudo que acontecia na cidade, mantendo contato com um ou outro financiador do projeto, entregando os relatórios que vinha da sala de controle de navegação e da sede dos Guardiões de Prata, enfim, rotina, para todos. Mais um dia se passa, mais uma noite calma e tranquila, com todos os sistemas da cidade funcionando perfeitamente bem.


Naquela manhã, na sala de controle, todos os sistemas funcionavam como deveriam, sem maiores problemas. Os engenheiros passavam pela sala trazendo e deixando relatórios enquanto a agente Reys conversava com um ou outro oficial buscando se inteirar de tudo que acontecia. Após a saída da sala de um dos engenheiros, passa pela porta o Capitão Michel, ao mesmo tempo em que retira seu cap colocando-o embaixo do braço enquanto passa a mão pela cabeça calva já a alguns anos. 


Capitão! — Chama Reys colocando-se ao lado dele — Tudo está correndo perfeitamente bem, e sem maiores problemas. — Não deixa esconder um certo orgulho em estar um passo à frente das demandas do Capitão.


Temos algum relatório? — Pergunta ele.


Meio sem jeito — Bem…eu estou terminando de redigir, mas já posso adiantar que tudo está conforme o esperado. Motores, estabilizadores, — Segue ela contando nos dedos os itens que descreve — as horas de trabalho do pessoal, os engenheiros também nos atualizam de tudo que acontece a cada trinta minutos, e Atlântida navega pelo mar suavemente — Sorri orgulhosa de si! 


Hum, muito bom! — Ele dá alguns passos até alcançar a linha dos cinco oficiais principais que sentavam nas cadeiras de controle da gigantesca embarcação. Assim que se aproxima, um dos oficiais lhe chama a atenção. O piloto Akira Lang Parker, um homem de 40 anos, ombros largos, cabelos pretos espetados e olhos castanhos, claramente de descendência asiática como seu nome revela, nota uma inconsistência nas informações.


Isso é estranho? — diz o piloto, despertando o interesse do capitão.


O que foi? — Pergunta intrigado.


Bom, todos os relatórios de previsão do tempo dizem que nos próximos dias não teríamos nenhuma atividade por parte da natureza que gere um impacto significativo, no máximo algumas garoás, mas o radar está detectando uma tempestade se aproximando, e está se aproximando bem rápido.  — Conclui ele voltando seu olhar ao capitão.


Isso não pode estar certo! — Diz Reys indo até uma pequena mesa ao lado, pegando a pasta com os relatórios de previsões do tempo. — Eu estou acompanhando esses relatórios a dias, — Lê um dos relatórios da pasta — Será que eles erraram.


Bom, o nome se chama previsão por um motivo — Segue o capitão — previsões podem ou não acontecer, ainda que tenhamos tanta tecnologia pra prever certos problemas. — Conclui ele — Nós conseguimos desviar da tempestade? Dá para evitá-la? 


Olha — Começa o piloto — Pra fazer um desvio de rota com uma embarcação desse porte pode levar algum tempo, e isso pode nos tirar da rota por um tempo considerável. A tempestade pelo que posso ver, — Aponta no radar a frente — é gigante, e conforme vem em nossa direção ela aumenta. Ela vai cobrir toda a Atlântida. — Olha novamente para o capitão com um olhar preocupado.


Nesse caso o que podemos fazer é passar por ela o mais rápido que pudermos. — Conclui o capitão. — Vamos aumentar a velocidade o máximo que der. — Ordena ele — Verifiquem todos os instrumentos analógicos de navegação. Se essa tempestade for algo que realmente pode impactar as estruturas da Atlântida, só contaremos com eles pra seguir em frente.


Sim senhor! — Todos os oficiais, Reys e o piloto Akira respondem em uníssono, e em seguida seguem todos para seus afazeres.


Diferente do sentimento de apreensão da sala de controle em relação a tempestade que se aproximava, a vida na cidade caminhava normalmente, as pessoas já acostumadas em viver em uma cidade flutuante, seguiam suas rotinas. Em um dos amplos parques, no gramado verde, um espaço de mais ou menos uns quatro quilômetros quadrados, cercado por ruas que davam acesso a outros distritos da cidade, um grupo de vinte cadetes dos Guardiões de Prata se exercitavam. Alinhados em filas, seguiam as ordens de seu coordenador, flexões, polichinelos e outros exercícios. 


Ao finalizar a última bateria de exercícios, todos se colocam em posição de guarda, com as mãos para trás, peito estufado e pernas afastadas e alinhadas. 


Muito bem senhores. Bom trabalho por hoje. — Dizia o coordenador passando por entre seus comandados com voz firme e autoritária — Não se esqueçam que o exame admissional está chegando. Tanto o exame físico como o escrito podem, e irão reprovar caso vocês não alcancem a nota esperada para passar para a próxima fase. — Volta a ficar na frente dos candidatos. — Vocês entenderam? 


Sim senhor — Todos gritam em uníssono. 


Um pouco afastada, ainda ali no Parque, sentada no gramado, Elizabeth Collins, a jornalista, acompanhava o treinamento filmando com seu celular. Assim que o treinamento termina e o coordenador do treinamento os deixa à vontade, ela para de filmar tateando o chão atrás de sua bolsa para guardar o celular. 


Do outro lado do parque, um outro rapaz passava com pressa. Trazia consigo vários papéis enrolados em formato de cubos, enquanto nas costas carregava sua mochila. O rapaz era franzino, cabelos loiros em formato de caracol, usava um óculos na cor preta, quadrado. Suas roupas não eram das mais elegantes para a época em que ele vivia. Camisa estampada com flores na cor azul claro, uma calça cinza e suspensório, item já extinto pela moda atual, e sapatos pretos. Dylan Olsen, vinte e dois anos, seguia pelo parque visando chegar até a biblioteca da cidade que se localizava duas ruas à frente. Infelizmente para ele, sua presença acaba de ser notada por um dos cadetes em treinamento. Sam Miller tinha seus 22 anos de idade, alto, ombros largos, cabelos pretos penteados para trás e filho único da família Miller, uma das famílias fundadoras do projeto Atlântida. Não dava pra dizer que na seleção para entrar e ser um cadete dos Guardiões, ele não teve uma certa ajuda, embora uma vez dentro, todas as provas físicas impostas ele tenha conseguido passar por mérito próprio, o que só reforçou sua personalidade que diz que o que ele quer, ele tem que ter não importa como, e claro, como o menino mimado que era, zombar dos outros era seu passatempo favorito. 


Ai Dylan!! — Gritava ele chamando a atenção de outros cadetes ao seu redor — Onde você comprou essas roupas aí? Em 1920? — Ele ri desenfreadamente, acompanhado de seus amigos mais chegados que se juntam a ele.


Dylan, ao perceber o deboche, ajusta seus óculos e segue caminhando. O responsável pelo treinamento apenas olha para Sam, deixa escapar um sorriso de canto de boca, pega suas coisas e se afasta, dando a entender que Sam, não deveria, mas poderia continuar, e então se retira do local caminhando para o outro lado do parque.


Percebendo a liberdade veladamente dada por seu superior, Sam prossegue — Qual é cara, chega mais, vem aqui com a gente. Explica pra gente o que você faz pra manter esse cabelo ridículo. —  E mais risadas ecoam.


Assistindo aquilo a distância, Elizabeth se levanta com sua bolsa em mãos, pronta para se aproximar do grupo e pedir a Sam que pare com os deboches. Dylan por sua vez não dá ouvidos e continua caminhando. Percebendo que estava sendo ignorado, e ninguém jamais poderia ignorá´-lo pois ele é um Miller, Sam pega uma pedra e a arremessa na direção de Dylan, atingindo-o na mochila em suas costas com o impacto suficiente para que o rapaz caía de cara no chão espalhando seus papéis. Os risos se seguiram de forma estrondosa. 


Após esse fato Elizabeth começa a caminhar na direção do grupo, com o olhar decidido pronta para encarar aquele pessoal que debochava de uma pessoa inocente. Seus passos aceleraram, a distância diminuindo entre ela e o agora seu arqui inimigo a cada passo. Sua mão se fecha, um soco armado estava pronto para ser disparado, a confiança lhe subiu a cabeça na mesma velocidade que o ego de Sam seguia crescendo. Faltando apenas uns dez passos para concluir seu caminho e alcançar seu objetivo, uma voz ecoa em meio aos cadetes.


Já chega Sam! 


Elizabeth para. Ela volta a ser apenas uma espectadora na cena. Sam olha na direção da voz, o grupo de cadetes se afastam, uns para o lado esquerdo, outros para o lado direito, como o mar vermelho se abrindo, revelando a identidade daquele que ousou gritar com Sam Miller.  


Quem você pensa que é? — Diz ele se aproximando do rapaz que lhe chamou a atenção.


O rapaz então se revela, dando alguns passos na direção de Sam — Nada disso que você ta fazendo tem graça. — Repreende — Não é engraçado debochar dos outros


Sam então fica frente a frente com o cadete desafiante, enquanto do outro lado, Dylan começa a se levantar e recolher seus papéis do chão. 


Cara! Você sabe com quem você tá falando? — Diz Sam colocando seu rosto nada amigável próximo ao de seu rival. 


O rapaz de cabelos pretos bem penteados para o lado, de pele branca e pouco mais magro que Sam, segue o desafiando enquanto os outros Cadetes e Elizabeth, que estava poucos passos mais afastada, observam com expectativa a conclusão daquele conflito. 


Sem que o rapaz desafiante esperasse, Sam, forçando as duas palmas de suas mãos contra seu peitoral o empurra para trás de forma agressiva fazendo com que ele caia no chão gramado do parque. Surpreso com a covardia, o rapaz aproveita sua estada no chão e recolhe um galho de árvore que estava caído por ali. O galho possuía um tamanho de uns sessenta centímetros de comprimento num formato bem irregular. Ele se levanta e se posiciona colocando as duas pernas juntas, mão esquerda atrás das costas na altura da cintura e ergue o galho na frente do rosto como um esgrimista. Um sorriso de canto de boca surge em seu rosto desafiando o descontrolado Sam a atacá-lo novamente.


Só pode ser brincadeira. — Dizia Sam apontando para o rapaz. — Mas que porra é essa? 


Os outros Cadetes olhavam Sam, o instigavam a partir para cima do rapaz, afinal, ele tinha algo a provar, uma reputação a manter. Se deixasse aquele rapaz desafiá-lo, impedi-lo de se divertir com o sofrimento alheio, como ele olharia para seus amigos. Assim a cabeça deturpada do mimado cadete pensava enquanto era desafiado novamente com o olhar calmo e postura inquebrável do oponente. 


É quando Sam avança desferindo o primeiro soco, que é facilmente desviado. O rapaz, movimentando seu corpo para o lado, fazendo um meio círculo com sua perna direita, deixa que Sam passe por ele, enquanto o galho, de maneira dolorosa bate no antebraço direito do cadete agressor. Os dois personagens trocam de lado. Sam leva a mão esquerda ao braço direito esfregando-o de forma rápida e contínua para aliviar a dor provocada pelo golpe que recebera. Os outros cadetes continuam olhando, instigando, torcendo para que a briga prosseguisse. Sam precisava colocar aquele cara em seu devido lugar, então ele avança novamente e mais uma vez, sem o menor esforço, o esgrimista se coloca para o lado deixando Sam passar por ele e acerta com o galho as suas costas. O estalar da madeira em atrito com a pele do rapaz ainda que protegida pelo pano da camiseta, pode ser ouvido desencadeando reações de sustos e tensão em quem assistia. Sam leva as mãos nas costas e cai ajoelhado tentando alcançar o local do golpe com o intuito de esfregá-lo para fazer a dor passar, porém sem sucesso. E então, ele se vira, já descontrolado, cego de ódio e corre rapidamente para cima do cadete desafiante com a intenção de atropelá-lo, usando como arma seu próprio corpo. O rapaz apenas se coloca de lado, coloca seu pé no caminho de Sam que tropeça e passa por ele indo de cara no chão. 


Vendo que a briga chegou ao final, o rapaz joga o galho fora e vai até Sam para ajudá-lo a se levantar estendendo a mão para ele. Sam se vira ficando sentado, olha para a mão estendida do rapaz, olha para seus amigos e olha para Dylan que estava ali parado com os papéis prensados ao peito assistindo a tudo. Se sentindo humilhado como jamais se sentira antes, Sam MIller dá um tapa na mão do cadete e se levanta chamando seus amiguinhos para se juntarem a ele. — Isso ainda não acabou — Diz ele apontando para o cadete. Ele se vira e vai embora seguido pelos comparsas. Outros cadetes que não tomaram partido também começaram a recolher suas coisas e se retirar do local. 


Dylan um pouco afastado olha para o cadete que o defendeu, balançando a cabeça de forma positiva, como um sinal de agradecimento. O cadete faz um sinal de jóia para o rapaz e sorri. Dylan abaixa sua cabeça e segue seu caminho. 


Aquele cara teve o que mereceu. Qual é o seu nome — Soa uma voz feminina surpreendendo o rapaz que se vira imediatamente. 


Ha…Eu sou o Billy, Billy Hart! — O rapaz estende a mão e sorri.


Elisabeth! — Responde ela retribuindo o gesto. 


Você é um dos cadetes em treinamento pra ingressar os Guardiões de Prata, certo? — Pergunta ela puxando assunto.


Sim — Confirmou ele — Divisão de polícia! Isso se esse projeto de Atlântida der certo. E…eu conheço você de algum lugar — Suspeita ele. 


Eu sou repórter! Repórter investigativa e eu tenho um blog onde eu posto minhas reportagens. Você talvez já tenha me visto por aí — Explica! 


Os dois começam a caminhar devagar pelo parque.


Onde você aprendeu a usar um galho de árvore dessa forma? Nem minha mãe tinha essa desenvoltura — Brinca ela!!


Meu pai era fascinado pelos Power Rangers, sabe? Conforme eu fui crescendo ele me fez fazer um monte de aulas. Karatê, esgrima, entre outras coisas. Da esgrima foi o que eu fiquei mais tempo interessado. Então…como eu não tinha uma espada a mão…— Ele para de falar, sorrindo, esperando que a cabeça da repórter conclui-se sozinha sua explicação.


Interessante! — Responde ela e a conversa entre os dois segue!


………………….


Atlântida seguia navegando pelo oceano, e como detectado pelos sistemas de radares da sala de controle, um perigo começou a se aproximar a frente. Uma tempestade sem precedentes vinha com uma velocidade descomunal. O mar estava agitado como nunca antes. As ondas que começavam a bater na estrutura da gigantesca cidade flutuante chegavam a sessenta metros de altura e vinham aumentando sua intensidade. Os céus escureceram tão rápido que foi quase imperceptível aos olhos dos tripulantes da sala de navegação. Raios cortavam os céus e provocavam estrondosos trovões. As ondas agora passaram a atingir oitenta metros de altura, cem metros de altura e o impacto contra a estrutura de Atlântida era cada vez mais agressivo. Já não havia como enxergar o horizonte e alguns equipamentos começaram a falhar.


Na sala de controle, todos trabalhavam intensamente a fim de minimizar ao máximo os estragos que podiam ocorrer na cidade. Uns dos oficiais sentado a frente de seus computadores gritava — O impacto das ondas está forçando os estabilizadores — Outro oficial em outro ponto da sala também esbravejava — Todos os estabilizadores funcionando em capacidade máxima. 


Capitão Michel parado logo atrás dos cinco pilotos da gigante cidade flutuante olhando para a tela que dava a visão do que acontecia mar a frente aguardava apreensivo por mais informações. Até que um dos cinco pilotos informa. — Estamos perdendo os equipamentos digitais de navegação. Parece que tudo está parando — Dizia ele de forma apreensiva. — Parece que estamos lidando com uma tempestade magnética ou algo do tipo.


Os raios lá fora agora começam a cair sobre a cúpula que cobria a cidade provocando algumas explosões, que embora não fossem sentidas pelos moradores, causavam avarias. Explosões também começam a ocorrer nos computadores dentro da sala de controle. Um dos oficiais é arremessado ao chão quando uma de suas telas explode. Um sistema de emergência é acionado e uma luz vermelha começa a piscar incessantemente na sala de controle. Outro oficial grita — Todos os estabilizadores pararam — E uma onda de mais de duzentos metros de altura se choca com grande estrutura, praticamente cobrindo toda a cidade.


Billy e Elizabeth caminhavam pela calçada conversando enquanto alguns carros passavam pela rua nos dois sentidos. É quando Billy para segurando suavemente o pulso de Elizabeth. — Sentiu isso? 


Isso o… — Antes de terminar a pergunta a garota entende o porquê da apreensão de Billy — São tremores? Mas isso é impossível. Os estabilizadores foram projetados justamente pra impedir que isso aconteça.


E se não tivermos mais os estabilizadores? 


E de repente e rapidamente, a rua onde Billy e Elizabeth estavam começa a se inclinar ao mesmo tempo em que a cidade toda começa a balançar descontroladamente simulando aos olhos dos moradores o efeito de um terremoto. Com a inclinação e os tremores Billy e Elizabeth são jogados no chão, carros perdem o controle e se chocam uns contra os outros. A superfície volta a ficar na horizontal novamente e então se inclina mais uma vez para outro lado, fazendo as pessoas que estavam no chão rolarem sobre ela. 


Na sede dos guardiões de prata, os policiais eram jogados ao chão, alguns se seguravam nas mesas, computadores caiam segurados apenas por seus fios. O Chefe Stanton dentro de sua sala, procurava entender o que estava acontecendo, quando uma estante de livros cai sobre ele. As viaturas do lado de fora chocavam-se umas contra as outras à medida que a cidade balançava. 


Na prefeitura, de alguma forma o Sr. Collins buscava se proteger. As janelas se quebraram espalhando vidros para todos os lados. Pelas ruas da cidade, alguns postes caíram em cima de carros, placas de concretos desprendem-se dos prédios caindo sobre as calçadas.


Submersa a alguns metros abaixo no oceano, a cidade de Atlântida fica a frente de algo inusitado. Da sala de controle, os oficiais pararam para ver o que parecia ser uma luz gigantesca intocada pela água mesmo abaixo dela. Movia-se de forma irregular frente à grandiosa embarcação.


Eu não tenho mais o controle da nave, senhor! — Diz Akira olhando para o Capitão Michel. — Estamos sendo atraídos por aquela coisa.


Sem muita coisa que pudesse ser feita, a cidade de Atlântida apenas foi sugada para dentro daquele portal. A tempestade passou tão repentinamente como começou. A cidade flutuante, assim, desaparece da face da terra.  


……….




A cidade de Atlântida parte em sua jornada pelo mar aberto, mas acaba sendo atraída por um portal em em meio a uma tempestade. Qual será o destino da cidade marítima e de seus tripulantes? A jornada rumo a um novo futuro, está apenas começando.




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6 Comentários

  1. Rapá!
    Esse primeiro capítulos ficou sensacional. Só você mesmo prá me fazer consumir algo de PR e curtir pacas!
    Acho que um dos pontos mais marcantes foi que vovcê conseguiu construir toda uma cidade flutuante e conseguiu deixá-la extremamente real e palpável, mostrando diversos setores, como o da segurnça pública entre outros, de forma tão fuída que eu imergi totalmente na história, parecia arté que eu estava andando pelas ruas e lugares que você estava descrevendo e, o mais importante, fez tudo isso sem que o texto ficasse cansativo. Um escritor menos competente deixaria algo assim muito chato.
    Em paralelo ao modo que você conseguiu dar vida à cidade, o trabalho com todos os personagens ficou incrível, ainda mais com aqueles que, imagino eu, tem potencial para serem os novos Rangers.
    Mandou bem demais nessa volta meu amigo! E que você nunca mais fique tanto tempo afastado!

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    1. Grande Norb, mais uma vez agradeço a leitura, o esforço em me fazer ensaiar uma volta e toda a força e atenção que me deu. Foi realmente um universo bem dificil de construir, levei umas duas semanas para concluir a escrita antes de te passar pra validar e chegar num resultado que tenha agradado me faz muito feliz. Obrigado mais uma vez meu amigo. Tmj!!

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  2. Parabéns pela nova fic, Rodrigo! Achei muito bacana a proposta de 'Power Rangers Armada Pirata'. A ideia de ambientar a história em um 2025 'tecnológico', com a construção de uma cidade flutuante como Atlântida, é simplesmente incrível e muito atual, considerando os desafios ambientais que enfrentamos hoje em dia. É legal demais ver como tu conecta a trama com personagens e referências da franquia Power Rangers, embora eu não as possua, mostra que tu se dedicou bastante em criar uma nova geração de heróis que respeitasse o legado. Mal posso esperar para descobrir como essa nova equipe vai se formar e enfrentar as ameaças que estão por vir. Excelente trabalho!

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    1. Fala mano, obrigado pela leitura e pela força de sempre. Aqui nessa temporada, para construir a cidade eu considerei que, se na temporada do ano 2000, Power Rangers Lost Galaxy já possuia técnologia suficiente para mandar uma colonia gigantesca no espaço como a terra venture, em 2025 construir uma cidade flutuante seria algo palpável para a geração dessa época. Espero realmente que você continue curtindo. Tmj

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  3. Grande Rodrigo!

    Como um "chef" de um restaurante da alta gastronomia, você trouxe os ingredientes da narrativa para a mesa e iniciou o preparo de uma história que tem tudo pra fazer história no blog e na sua carreira fictor.

    Todo o cenário, bem de acordo com uma das suas características mais marcantes enquanto fictor; que é o detalhamento refinado das cenas, dando uma tridimensionalidade única, a ponto de a gente sentir cada cena e cenário, como se assistissemos a um filme, foi construído com muito cuidado, dando a base para os próximos eventos.

    Dito isso, destaco a crítica social representada na fala da revoltada Elisabeth, filha de um dos idealizadores e financiadores da base móvel Atlântida.

    Como sempre, nesses projetos revolucionários, o pobre não tem vez.

    Eles constroem, mas na hora de usufruírem, só os ricos que ficam com os louros.

    Perfeito!!

    De cara, eu já vejo um conflito com o pai e também a vejo como uma Ranger, ao lado do corajoso e justo Billy e do atrapalhado Dylan, que foi humilhado pelo filhinho de papai Sam (outra crítica social que adorei).

    Espero que esse Sam não vire um Ranger.

    Mas, se virar, será bem interessante.

    Um conflito a vista com Billy.


    A parte final, com a tempestade magnética, onde Atlântida foi levada para uma outra dimensão, é onde a história, de fato, começa, deixando um excelente gancho.

    Ansioso pelo próximo episódio!

    Muito bom!

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    1. Fala Antonio!! Muito obrigado por sua leitura e comentário. A principio, todos esses coflitos que você citou dão o ponta pé inicial para alguns assuntos que eu quero trazer pra essa temporada não canônica de Power Rangers. Diferente de outros trabalhos onde eu só tratei de ação e cenas de lutas, aqui eu quero trazer algo mais. Espero conseguir colocar na mesa todos os assuntos de forma coesa. Muito obrigado por sua leitura e por seu tempo!!

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